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Taiwan vive maior cerco militar chinês em 30 anos: 53 aviões e 90 navios cercam a ilha em movimento histórico

por Alves 27/04/2025
Taiwan vive maior cerco militar chinês em 30 anos: 53 aviões e 90 navios cercam a ilha em movimento histórico

Taiwan enfrenta uma situação inédita nas últimas três décadas, após detectar a presença de 53 aeronaves militares e 90 navios chineses operando nas proximidades da ilha. Esta mobilização, que abrange as águas entre o sul do Japão e o Mar da China Meridional, configura a maior exibição de força militar chinesa em um único dia. O episódio acirra as tensões no Estreito de Taiwan e representa um novo patamar na relação conturbada entre as duas regiões.

As tensões entre China e Taiwan, historicamente elevadas, ganharam novos contornos de gravidade. Especialistas apontam que a amplitude das movimentações militares não apenas testa a capacidade de resposta de Taipei, mas também envia um recado claro a Washington, Tóquio e Manila, sinalizando que Pequim está pronta para bloquear a ilha e impedir intervenções externas em um eventual conflito.

Exercício militar ou prelúdio de crise?

Analistas apontam que o padrão de mobilização remete aos exercícios de 1996, quando a China tentou influenciar as eleições presidenciais de Taiwan por meio de demonstrações militares agressivas. Segundo a avaliação de fontes internacionais, o movimento atual vai além de simples exercícios: trata-se de uma simulação prática de isolamento da ilha, reforçando a capacidade de Pequim de controlar o acesso aéreo e marítimo da região.

Apesar da ausência de um anúncio formal de manobras por parte de Pequim, autoridades taiwanesas suspeitam que a ação esteja ligada à recente visita do presidente taiwanês Lai Ching-te aos Estados Unidos. Durante sua viagem, Lai passou por Guam e Havaí, onde se reuniu com congressistas americanos, gesto que Pequim interpreta como um aprofundamento das relações diplomáticas entre Washington e Taipei.

Taiwan eleva alerta militar e condena agressões

Em resposta, Taiwan elevou seu nível de alerta e intensificou operações de vigilância na região. O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan condenou publicamente a movimentação, classificando-a como uma grave ameaça à estabilidade do Indo-Pacífico. Em nota oficial, o governo taiwanês acusou a China de adotar comportamentos “desestabilizadores” e “provocativos”.

A escalada também serviu para ressaltar a fragilidade dos acordos de não-agressão tácitos na região. A falta de canais diretos de comunicação militar entre as duas partes torna qualquer movimento inesperado potencialmente arriscado, aumentando o risco de incidentes não planejados que podem escalar rapidamente para conflitos armados.

Xi Jinping reforça promessa de reunificação

As movimentações chinesas estão em consonância com a linha dura adotada por Xi Jinping, que em diversas ocasiões declarou que a reunificação com Taiwan é “inevitável”. O governo chinês não descarta o uso da força para atingir esse objetivo e continua a retaliar diplomaticamente os países que apoiam Taiwan, principalmente os Estados Unidos.

A recente aprovação de um novo pacote militar de US$ 387 milhões em armamentos para Taiwan irritou ainda mais Pequim, que respondeu impondo sanções a empresas de defesa norte-americanas. Segundo a análise do Xataka, esses gestos de endurecimento demonstram que a China enxerga o fortalecimento de Taiwan como uma ameaça direta ao seu projeto nacional de expansão e reunificação.

Impacto global e envolvimento dos Estados Unidos

A movimentação chinesa ocorre no contexto da transição presidencial nos Estados Unidos. O novo presidente, Donald Trump, já manifestou apoio explícito a Taiwan, incentivando o aumento de gastos militares da ilha e destacando sua importância geoestratégica, especialmente no setor de semicondutores.

Enquanto isso, Taiwan busca ampliar seu leque de aliados diplomáticos, especialmente no Pacífico, onde ainda encontra apoio de pequenas nações que resistem à pressão chinesa. A visita diplomática recente reforça essa estratégia, que tenta garantir respaldo internacional em caso de conflito.

Fonte: Xataca