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Embraer decola globalmente: tensão EUA-China não freia trajetória rumo a US$ 10 bi e eVTOL com 3 mil cartas de intenção

por Sérvulo Pimentel 22/05/2025
Embraer decola globalmente: tensão EUA-China não freia trajetória rumo a US$ 10 bi e eVTOL com 3 mil cartas de intenção

Enquanto gigantes da aviação travam batalhas geopolíticas, a Embraer acelera em céus abertos. A fabricante brasileira ignora os ventos contrários da guerra comercial EUA-China e mira US$ 10 bilhões em receita até 2030, impulsionada por contratos globais, como a venda de quatro E175 para a BeauTech, e pelo eVTOL, que já soma 3 mil cartas de intenção.

Crescimento blindado

A Embraer vive o auge de sua história empresarial. Em 2024, alcançou um recorde de US$ 6,4 bilhões em receita, crescimento de 21% em relação ao ano anterior, com lucro líquido de US$ 352,6 milhões (+114%) e valorização de mais de 160% na Bolsa.

Agora, a brasileira projeta alcançar entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões em 2025 — e tem como meta atingir US$ 10 bilhões antes de 2030. “2024 foi espetacular, mas 2025 será ainda melhor”, afirma o CEO Francisco Gomes Neto ao Brazil Economy.

KC-390 Millennium da Embraer com insígnias da Força Aérea Brasileira. A área de defesa, que possui o KC-390, teve crescimento de 40% no ano passado, impulsionando a Embraer rumo à meta de US$ 10 bilhões em faturamento. (Foto: FAB)

O plano estratégico inclui investir R$ 20 bilhões até 2030 em expansão industrial, eVTOL e defesa. “O bolo cresce, e todas as fatias se beneficiam”, compara o executivo.

Geopolítica? Não, obrigado

Questionado se a rivalidade EUA-China beneficia a Embraer, Gomes Neto é direto: “Nossos aviões não competem com os da Boeing na China. Estamos em segmentos diferentes”. A empresa mantém 40%-50% de componentes americanos em seus jatos e mira Europa e Ásia.

A ANA (Japão) e a Porter (Canadá) são exemplos recentes. “A diplomacia comercial ajuda a abrir portas”, diz o CEO, citando a visita de Lula ao Japão durante o anúncio do pedido de E2.

eVTOL: o futuro já decolou

O protótipo do eVTOL aguarda componentes para seu primeiro voo em 2024, em Gavião Peixoto (SP). A certificação está prevista para 2027, com produção inicial em Taubaté. “Montaremos kits no Brasil e remontaremos perto dos clientes”, detalha Gomes Neto.

A subsidiária Eve já tem 3 mil cartas de intenção. “O foco agora é transformá-las em pedidos firmes”, diz. O mercado global de eVTOLs pode chegar a US$ 30 bilhões até 2030, segundo o Morgan Stanley.

Protótipo do eVTOL da Embraer, aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical que já acumula 3 mil cartas de intenção de compra. O projeto, que terá seu primeiro voo ainda em 2025, representa uma das apostas mais ambiciosas da fabricante brasileira para alcançar a marca de US$ 10 bilhões em receita. (Foto Embraer-X)

BeauTech reforça frota com E175

A BeauTech Power Systems adquiriu quatro E175 da Embraer, operados pela LOT Polish Airlines. “Este negócio representa […] nossa capacidade de acessar ativos de alta qualidade”, disse Stefanie Jung, da BeauTech, ao Aeroin.

As aeronaves (modelos GE CF34-8E) permanecem em leasing com a LOT. Clive Bowen, da Altavair, elogiou a parceria: “Foi um negócio bem estruturado com uma contraparte capacitada”.

Reconhecimento global

A Embraer receberá o World Company Award 2025 (WOCA) na França, em junho. “É uma honra e uma motivação para todos nós da Embraer”, celebra Gomes Neto. O prêmio destaca resiliência, ESG e liderança em aviação.