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Especialista defende fim do serviço militar obrigatório no Brasil e sugere ingresso nas Forças Armadas por concurso: “Maior parte das tarefas são não-militares”

por Campos 27/02/2025
Especialista defende fim do serviço militar obrigatório no Brasil e sugere ingresso nas Forças Armadas por concurso: “Maior parte das tarefas são não-militares”

A professora de Defesa e Gestão Estratégica Internacional da UFRJ, Adriana Marques, defendeu em entrevista à Revista Sociedade Militar o fim do serviço militar obrigatório no país. 

“É [uma medida] inócua, pois o serviço militar obrigatório não oferece treinamento militar. A maior parte das tarefas que são desempenhadas pelas pessoas que fazem serviço militar obrigatório são tarefas não-militares.É um treinamento militar muito básico que eles vão ter ali”.

Segundo a mestra em Ciência Política pela Unicamp e doutora em Ciência Política pela USP, o ingresso nas Forças Armadas deveria ser por meio de concurso público, já que, segundo ela, muitas pessoas pensam até hoje que vão conseguir construir carreira pela modalidade.

“Eu acho que existem outras maneiras [de ingresso] para a pessoa que tem vocação de seguir carreira militar, que é fazer isso através de concurso”.

Professora Doutora Adriana Marques (Foto: Arquivo pessoal)

Na mesma linha de raciocínio, Marques discorda do serviço militar inicial feminino, implementado pelo Ministério da Defesa neste ano de 2025 para ingresso em 2026.

“A discussão deveria ser sobre o serviço militar obrigatório e não exceder esse serviço militar, mesmo ele sendo voluntário, para as mulheres”.

Na primeira parte da entrevista, publicada no dia 22 de fevereiro, a professora criticou o atual modelo de defesa do Brasil. 

Para ela, as Forças Armadas estão muito voltadas para atividades domésticas. Ela também argumentou que deve haver efetivamente uma discussão estratégica para se definir quais os meios necessários para dar resposta a um cenário geopolítico que passa por mudanças importantes, como a relação de Trump com a Europa. 

“Na discussão dos meios a gente teria que pensar: As Forças Armadas, com o desenho que a gente tem hoje, são capazes de proteger o país? Enquanto você não discute as etapas anteriores e tem uma política de Defesa que oriente isso, não adianta você fazer uma mudança de contingente militar, por exemplo”.