“Falta tudo e não sobra dinheiro para nada; mas há excesso de orgulho!”, diz analista sobre as Forças Armadas em meio à pior crise da história militar brasileira

As Forças Armadas Brasileiras enfrentam o que pode ser seu pior momento histórico, marcado por desafios financeiros, defasagem tecnológica e falta de investimentos. A análise foi divulgada pelo portal DefesaNet, em artigo assinado pelo editor-chefe Nelson During, que alerta para a crescente dificuldade da instituição em justificar sua existência diante da sociedade brasileira. A crise atinge todas as três forças – Exército, Marinha e Força Aérea – e coloca em risco a capacidade operacional do Brasil em um cenário geopolítico global cada vez mais instável.
Durante destaca a frase emblemática que resume a situação: “Falta tudo e não sobra dinheiro para nada. Mas há excesso de orgulho.” Segundo ele, a falta de recursos impacta diretamente na aquisição de equipamentos militares e na manutenção da estrutura já existente. Ao mesmo tempo, a instituição mantém solenidades e distribuições de medalhas, vivendo das glórias do passado enquanto enfrenta dificuldades para se modernizar e atender às necessidades do presente e do futuro.
A Força Aérea Brasileira (FAB) lida com desafios logísticos e financeiros para manter sua frota de combate. A aquisição dos caças Gripen, cada um avaliado em 100 milhões de dólares, avança lentamente. A falta de infraestrutura adequada para armazenar e operar os mísseis desses aviões também se torna um problema, dificultando a evolução do poder aéreo brasileiro. Enquanto isso, a aviação de patrulha e transporte permanece defasada, comprometendo a capacidade de defesa do país.
Na Marinha, a situação não é diferente. O setor caminha em direção a uma estrutura de guarda costeira, com investimentos concentrados no monitoramento marítimo, mas sem reforço significativo na aquisição de navios de guerra com capacidade de projeção de poder. A necessidade de meios navais modernos e de combate torna-se evidente diante do contexto geopolítico regional, onde países vizinhos, como Argentina e Venezuela, investem fortemente em sua defesa.
O Exército Brasileiro enfrenta desafios semelhantes. Equipamentos adquiridos há décadas já apresentam sinais de obsolescência, e a manutenção de blindados, obuseiros e helicópteros torna-se cada vez mais cara e difícil. A guerra na Ucrânia agravou esse cenário, aumentando a disputa global por peças de reposição e munições. A análise do portal DefesaNet ressalta que, enquanto se investe em sistemas de monitoramento com vida útil reduzida, a prioridade deveria ser a aquisição de veículos blindados, defesa antiaérea moderna e tecnologia de guerra eletrônica.
A crise das Forças Armadas ocorre em um momento delicado da política internacional, onde a instabilidade global cresce e o conceito de soft power perde espaço para estratégias mais agressivas e realistas. Durante aponta que o Brasil corre o risco de ser pego despreparado em meio a esse cenário, caso não tome medidas urgentes para reestruturar e fortalecer suas capacidades militares. A falta de investimento na modernização e na reposição de efetivo também ameaça a permanência de militares altamente qualificados, que deixam a carreira devido às condições precárias.
Além das dificuldades internas, as Forças Armadas enfrentam um desafio político. Durante cita a declaração do ministro da Defesa, José Múcio, no programa Roda Viva, onde classificou os militares como “funcionários públicos fardados”, uma afirmação que gerou forte repercussão dentro da caserna. O editor do DefesaNet enfatiza que a carreira militar exige um compromisso de vida com a defesa da pátria, o que a diferencia do funcionalismo público comum.
Diante desse cenário crítico, a análise de Nelson During sugere que as Forças Armadas precisam focar em projetos estratégicos de combate, reforçando seu poder bélico e sua capacidade de dissuasão. Caso contrário, o Brasil corre o risco de enfrentar graves dificuldades de defesa em um mundo cada vez mais volátil e imprevisível.