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Índia bombardeia nove locais no Paquistão — “Todos os nossos caças da Força Aérea estão no ar”, afirmou ministro paquistanês

por JB Reis 06/05/2025
Índia bombardeia nove locais no Paquistão — “Todos os nossos caças da Força Aérea estão no ar”, afirmou ministro paquistanês

Segundo a mídia indiana, o país lançou a Operação Sindoor, uma “resposta precisa e contida” aos ataques terroristas que ceifaram 26 vidas, incluindo um cidadão nepalês, contra turistas na Caxemira. Os ataques  indianos de hoje foram realizados em nove locais de infraestrutura no Paquistão e em Jammu e Caxemira ocupados pelo Paquistão. As autoridades indianas afirmam que os ataques visavam as raízes do planejamento terrorista transfronteiriço.

O jornalista indiano Rahul Shivshankar disse no x.com que “é importante ressaltar que nenhuma instalação militar paquistanesa foi atingida, refletindo a abordagem calibrada e não escalável da Índia. Esta operação ressalta a determinação da Índia em responsabilizar os perpetradores, evitando provocações desnecessárias.”

Ataques, respostas e risco de escalada militar

O Ministério da Defesa indiano afirmou que suas forças realizaram ataques contra acampamentos usados ​​por terroristas para realizar ataques contra a Índia, de acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira.

“Estamos cumprindo o compromisso de que os responsáveis ​​por este ataque serão responsabilizados“, afirmou o Ministério da Defesa da Índia.

“A justiça foi feita”, afirmou o exército indiano na plataforma de mídia social X.

A ação da Índia ocorreu apesar dos esforços diplomáticos, incluindo ligações telefônicas do Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao primeiro-ministro do Paquistão e ao ministro das Relações Exteriores da Índia na semana passada, com o objetivo de persuadir ambos os lados a reduzir as tensões que atingiram o seu ponto mais alto em anos.

A crise entre Índia e Paquistão após ataque terrorista na Caxemira

O Wall Street Journal informou que o porta-voz do exército paquistanês, tenente-general Ahmed Sharif Chaudhry, disse que mísseis atingiram três locais, incluindo Muzaffarabad, capital da Caxemira administrada pelo Paquistão. A Caxemira é dividida entre áreas controladas pela Índia e pelo Paquistão.

“Esta provocação hedionda não ficará sem resposta”, disse Chaudhry em um canal de notícias local. “Neste momento, estamos avaliando os danos.”

Os rivais se aproximaram do conflito desde que homens armados invadiram um campo em 22 de abril na Caxemira administrada pela Índia e mataram 26 pessoas, a maioria turistas indianos.

Forças indianas e paquistanesas posteriormente trocaram tiros com armas de pequeno porte na fronteira da Caxemira por vários dias consecutivos, colocando em risco um frágil acordo de cessar-fogo de 2021 entre os vizinhos.

Índia bombardeia o Paquistão: mortos e feridos

Os ataques de hoje, terça-feira, 6/5, deixaram pelo menos três mortos e 12 feridos, em diferentes cidades segundo estimativas iniciais divulgadas pela paquistanesa Geo TV.

Os militares paquistaneses confirmaram que as Forças Armadas indianas realizaram ataques aéreos em três regiões do país, e os classificou como “uma provocação hedionda”.

Os casos ocorreram em duas cidades na Caxemira controladas pelo Paquistão e em outra cidade no Punjab, região localizada entre Índia e Paquistão com fronteiras mal definidas, informou o Ministério da Defesa do Paquistão.

O Paquistão responderá [aos ataques indianos] no momento e local de sua escolha“, disse ainda o tenente-general Ahmed Sharif Chaudhry.

“Todos os nossos caças da Força Aérea estão no ar. Este é um ataque vergonhoso e covarde realizado a partir do espaço aéreo indiano. Eles nunca foram autorizados a invadir o espaço aéreo paquistanês“, acrescentou, citado pela mídia local.

“Até os confins da terra”

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu caçar os responsáveis pelo ataque contra turistas na Caxemira “até os confins da terra”, uma mensagem que ele repetiu nos últimos dias.

A Revista Sociedade Militar publicou matéria sobre o início das hostilidades entre os dois países, Índia e  Paquistão, mostrando que uma ação indiana era iminente.

“O Paquistão não será o primeiro a recorrer a qualquer medida de escalada“, disse o ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar. “No entanto, em caso de qualquer medida de escalada por parte da Índia, responderemos com muita firmeza.”

Índia no Paquistão, dois arsenais nucleares em crise

De acordo com sites especializados, Índia e Paquistão são potências nucleares regionais com arsenais estimados em cerca de 170 a 172 ogivas nucleares cada, mantendo uma rivalidade marcada por tensões históricas e estratégicas.

Estima-se que a Índia possua entre 160 e 172 ogivas nucleares, com capacidade para até cerca de 210, considerando seu estoque de plutônio disponível (aproximadamente 700 kg) e produção futura planejada com reatores rápidos até 2033.

A Índia mantém uma tríade nuclear completa – sistemas de lançamento por terra, ar e mar – incluindo mísseis balísticos como o Agni-V (alcance de 5.000 a 8.000 km), bombardeiros Mirage, Jaguar e Rafale (estes últimos em modernização), além de submarinos nucleares da classe INS Arihant equipados com mísseis SLBM K-15 e em desenvolvimento do K-4, que amplia o alcance para até 3.500 km.

Já o Paquistão possui arsenal estimado em cerca de 170 ogivas nucleares, com potencial para chegar a 200 até o final da década de 2020, baseado na expansão contínua de seu programa nuclear e capacidade de produção de material físsil.

O país desenvolveu mísseis balísticos de curto e médio alcance, como o Shaheen-3 (alcance de até 2.750 km) e o Ababeel, que pode carregar múltiplas ogivas independentes (MIRVs).

O país está investindo também em uma tríade nuclear, incluindo mísseis lançados por submarinos e aeronaves, com foco em dissuasão “full spectrum” contra a Índia.