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EUA de Trump entra em alerta! Panamá procura Embraer para adquirir Super Tucano de US$ 60 milhões com foco claro: fortalecer a defesa do canal do Panamá!

por Alisson Ficher Publicado em 02/04/2025
EUA de Trump entra em alerta! Panamá procura Embraer para adquirir Super Tucano de US$ 60 milhões com foco claro: fortalecer a defesa do canal do Panamá!

Nos últimos tempos, o cenário geopolítico mundial tem sido agitado por uma série de movimentações estratégicas, e uma dessas mudanças chama a atenção diretamente para o Panamá, um pequeno país da América Central.

A recente decisão do governo panamenho de adquirir quatro aviões de combate A-29 Super Tucano da fabricante brasileira Embraer, foi anunciada com destaque durante a feira militar LAAD, no Rio de Janeiro, em 2 de abril de 2025.

O que, à primeira vista, pode parecer apenas mais uma negociação de armas, na verdade está profundamente ligado a questões de segurança e à pressão de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos.

Este movimento do Panamá ocorre em um momento de crescente tensão, especialmente no que diz respeito ao controle do estratégico Canal do Panamá.

O canal, por onde transitam cerca de 40% dos contêineres com destino aos Estados Unidos, se tornou um ponto de interesse vital para Washington.

A administração do ex-presidente Donald Trump, que liderou os EUA até 2024, se mostrava bastante interessada na reativação do controle total sobre o canal, uma decisão que afetaria diretamente não só as relações comerciais, mas também a segurança nacional dos Estados Unidos.

Contexto geopolítico: o canal do Panamá e a pressão dos EUA

O Canal do Panamá, uma das maiores artérias do comércio global, conecta os oceanos Atlântico e Pacífico e é considerado uma das mais importantes vias de navegação do mundo.

Em termos estratégicos, esse ponto geográfico tem grande relevância não apenas para o comércio global, mas também para a segurança internacional.

O presidente dos EUA, Donald Trump, durante sua gestão, expressou a intenção de recuperar o controle do canal, que havia sido transferido para o Panamá em 1999, após um longo período de administração americana.

É importante compreender a magnitude desta decisão.

Com aproximadamente 40% dos contêineres que chegam aos Estados Unidos transitando pelo Canal do Panamá, ele se tornou um ponto vital para a economia do país.

A retomada do controle de Washington sobre a via poderia ser um movimento estratégico para fortalecer a presença americana na região e garantir o fluxo ininterrupto de mercadorias, algo que, em tempos de tensões comerciais e militares, se torna ainda mais relevante.

O Panamá e suas forças de defesa

Embora o Panamá não possua forças armadas desde 1990, quando decidiu desmantelar seu exército, o país mantém uma frota de aeronaves de vigilância e transporte sob a responsabilidade de sua força policial.

Segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, o Panamá opera atualmente com uma modesta frota de 17 aeronaves, que incluem modelos de transporte e vigilância.

No entanto, a aquisição de quatro novos aviões de combate A-29 Super Tucano representa um salto significativo em termos de capacidade de defesa aérea.

Esses aviões, que têm sido usados em diversas missões de combate ao longo dos anos, especialmente em países como o Brasil, Afeganistão e outros locais de conflito, são conhecidos por sua versatilidade e eficiência.

O Super Tucano é um modelo de avião leve de ataque e treinamento, projetado para operações em ambientes de combate irregulares, sendo uma escolha popular entre países com orçamentos militares mais limitados.

A negociação, que foi realizada durante a LAAD Defence & Security 2025, feira de segurança realizada no Rio de Janeiro, também foi uma oportunidade para a Embreaer, a gigante brasileira da aviação, exibir sua tecnologia.

De acordo com Márcio Monteiro, representante da Embraer Defesa, o A-29 Super Tucano é uma “plataforma comprovada”, que já acumulou muitas horas de combate e foi utilizado com sucesso em diferentes partes do mundo.

A Embraer tem trabalhado ativamente para expandir sua presença no mercado internacional de defesa, e o contrato com o Panamá é mais um passo nesse sentido.

A venda e suas implicações políticas

A decisão do Panamá de adquirir esses aviões, no entanto, não está livre de implicações políticas.

Embora o país tenha evitado fazer declarações sobre a relação direta entre a aquisição e a pressão exercida pelos Estados Unidos, especialistas apontam que uma venda de aeronaves com peças de origem norte-americana dificilmente aconteceria sem o consentimento de Washington.

Esse tipo de venda, especialmente envolvendo tecnologia sensível, exige uma análise minuciosa por parte do governo dos Estados Unidos, dado que as peças americanas precisam de licenças especiais para exportação.

Curiosamente, os Estados Unidos já vetaram a venda de aeronaves similares para outros países no passado, como ocorreu nos anos 2000, quando a Venezuela tentou adquirir os mesmos modelos de avião.

Na ocasião, Washington interveio, alegando questões de segurança nacional e influência geopolítica. Por isso, é plausível que a venda dos Super Tucano para o Panamá tenha sido facilitada por uma negociação ou acordo com os EUA, que, embora não tenham se pronunciado oficialmente sobre o caso, possuem um papel central no processo.

Alisson Ficher

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