Por que Brasil só tem 2 submarinos no mar em vez de 5: Gasto de R$ 5,6 milhões da Marinha com peças sobressalentes pro Humaitá ajuda a responder questionamento

A Marinha vai precisar desembolsar no mínimo R$ 5,6 milhões para comprar peças sobressalentes para o submarino convencional Humaitá (S41), entregue pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em 12 de janeiro de 2024, como parte do Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos).
Avisos de licitação publicados pela Força Naval no DOU (Diário Oficial da União) nesta quinta-feira, 6 de março, informam que a Marinha pretende adquirir peças como pinos, discos, válvulas, bombas, adaptadores, tubos, roscas e arruelas.
Como a contratação acontece pela Comissão Naval Brasileira na Europa, os valores dos avisos somam cerca de USD 974 mil dólares, o equivalente a R$ 5,6 milhões na cotação atual da moeda norte-americana (R$ 5,76).
O elevado custo dos projetos da Defesa não é novidade. O próprio Múcio já deu diversas declarações nesse sentido, inclusive durante sua participação no programa Roda Viva da TV Cultura no dia 10 de fevereiro, quando admitiu mais uma vez que sofre com a falta de recursos da sua pasta.
“Um Gripen custa US$ 100 milhões. Por que era pra ter 11 e só tem 6? Porque faltou dinheiro. Porque era pra todos os submarinos já estarem no mar e só tem 2? Porque faltou dinheiro”.
Na mesma ocasião, Múcio reclamou que não tem dinheiro para absolutamente nada.
“A despesa nossa é 1,1% do PIB [Produto Interno Bruto]. Pra você ter ideia, a Justiça é 1,6% [do PIB]. Disso [do orçamento da Defesa] 80% é folha. Eu não sei como é que nós sobrevivemos. Talvez seja o menor [orçamento] da América do Sul. A OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] recomenda para um país sem conflito que seja 2% do PIB [os gastos com Defesa]. Nós não temos dinheiro para absolutamente nada”.
Quais os outros submarinos que ainda não foram lançados?
O submarino convencional Riachuelo (S40) foi o primeiro a ser entregue pelo Prosub. Ele foi incorporado em setembro de 2022 pela Marinha. O Humaitá (S41) foi incorporado em janeiro de 2024.
Com lançamento previsto para 2020, o Tonelero (S42) foi lançado ao mar em março de 2024 e, em outubro do mesmo ano, foi feita sua primeira imersão estática para verificação de estabilidade. O submarino, contudo, ainda não foi incorporado pela Marinha.
O quarto submarino convencional que falta ser completamente construído e entregue à Força Naval é o Angostura (S43), que passou recentemente por uma mudança de nome. Após o falecimento do ex-ministro da Marinha, Almirante Karam, em setembro de 2024, o Angostura foi rebatizado para homenageá-lo.
Álvaro Alberto, o primeiro SNCA (Submarino Nuclear Convencionalmente Armado) do Brasil, é o quinto submarino restante do Prosub.
Qual o estágio atual de desenvolvimento do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado?
O SNCA é a grande cereja do bolo do Prosub. Segundo a Marinha, a previsão de lançamento ao mar é em 2029.
De acordo com o Contra-Almirante da reserva Luiz Roberto Cavalcanti Valicente, assessor-chefe da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, o Álvaro Alberto se encontra na fase de detalhamento do projeto e, paralelamente, já foi iniciada a construção de sua sessão de qualificação. A declaração foi dada em outubro de 2024 em entrevista ao programa de rádio governamental A Voz do Brasil.
No último dia 20 de fevereiro, conforme noticiou o portal Revista Sociedade Militar, a Marinha assinou um contrato de R$ 34,52 milhões com a empresa que prestará serviço de apoio técnico especializado à prontificação, comissionamento e partida da Unidade Piloto de Hexafluoreto de Urânico (Usexa).
É o comissionamento da Usexa que possibilitará a produção de combustível para o futuro Submarino Nuclear, considerado essencial pela Força Naval para garantir a soberania brasileira no mar. Por ser um projeto-piloto, a intenção é implantar o programa em pequena escala, aprender com os erros e acertos e depois disseminar as boas práticas em outras unidades operacionais.