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General critica o bolsonarismo e sua influência para a baixa de status das Forças Armadas: Paulo Chagas vê radicais de direita como pilar para o existência do Petismo

por Robson Augusto 20/02/2025
General critica o bolsonarismo e sua influência para a baixa de status das Forças Armadas: Paulo Chagas vê radicais de direita como pilar para o existência do Petismo

Poucos generais têm se manifestado publicamente sobre o atual cenário político no Brasil, especialmente após a queda de prestígio das Forças Armadas. O general Paulo Chagas, oficial na reserva remunerada, segue ativo nas redes sociais trazendo reflexões que normalmente incomodam militantes dos extremos dos espectros políticos no Brasil. Em uma de suas publicações, ele apontou que o bolsonarismo se tornou um dos principais pilares para a sobrevivência da esquerda petista.

Segundo análise do oficial do Exército Brasileiro, em postagem no Twitter, a desconfiança gerada entre bolsonaristas em relação às Forças Armadas, após a posse de Lula em 2023, impactou drasticamente a credibilidade das instituições militares. “Os ataques do bolsonarismo aos Comandos das Forças Armadas fizeram despencar a confiança do povo no Exército, na Marinha e na Aeronáutica em quase 50% nos últimos dois anos”, escreveu o general, citando uma pesquisa do Instituto Atlas mencionada em artigo da Revista Sociedade Militar.

Paulo Chagas e a decepção com as Forças Armadas

Segundo colocado por Chagas, de acordo com a pesquisa mencionada, o posicionamento das Forças Armadas durante o processo eleitoral e na transição de governo foi um dos principais motivos de insatisfação para parte da base bolsonarista. Setores desse grupo viam as instituições militares como a última barreira contra o que consideravam uma eleição ilegítima. A não intervenção das Forças gerou críticas contundentes.

Nos comentários da publicação do general, a frustração ficou evidente. O usuário Adinan de Souza (@AdinandeSouza) lembrou que “alguns imaginavam que as FA poderiam fazer algo com relação ao que entendiam ser uma falta de fair play durante o processo eleitoral”. Já o perfil Reinaldo (@Reinald24018660) foi ainda mais direto: “Não sou bolsonarista, mas minha confiança nas FA acabou. Estão vendo tudo que está acontecendo e pouco ou quase nada fazem.”

Outro seguidor, Marcos Pasquarelle (@MLPasquarelle), reforçou o sentimento de abandono: “Os patriotas que não votaram em Lula ficaram decepcionados com a passividade do alto comando das FA em aceitar o resultado absurdo da eleição.”

Forças Armadas e a crise de confiança

O general questiona a narrativa bolsonarista de que os militares “traíram” a população ao não intervir. “Essa afirmação exige esclarecimentos: o que exatamente significa ‘falta de coragem para defender Bolsonaro’? Defender de que forma, de quê e de quem?”, ponderou.

Entretanto, para alguns seguidores do general, a crise de confiança nas Forças Armadas não se limita à questão eleitoral. A percepção de passividade diante de outros problemas do país também contribui para a insatisfação. O usuário Djavan Amorim (@DjavanAmorim) escreveu: “O povo estava preocupado é com a nação! E pela inércia das FA, de fato, o crédito se perdeu em meio às covardias e talvez à cumplicidade junto ao sistema.”

Já o perfil X da Questão (@WalterDAraujo1) lamentou: “Hoje, se não fosse as PMs estaduais, todos estaríamos mortos. É triste, mas é bom saber com quem podemos contar.” Essa visão coincide com os dados da pesquisa citada, que aponta a Polícia Federal e as Polícias Militares como as instituições de maior confiança da população, enquanto as Forças Armadas perderam espaço.

Entre os apoiadores mais fervorosos do ex-presidente Bolsonaro, a crítica ao general foi dura. O perfil @CludioAbdon5 reagiu com indignação: “NINGUÉM ESTAVA PEDINDO PARA AS FORÇAS ARMADAS DEFENDEREM BOLSONARO. QUERÍAMOS SER DEFENDIDOS POR AQUELES QUE JURARAM DAR A VIDA PELO BRASIL. VOCÊ É UM CANALHA!!!!”

Há um impasse

O debate gerado pelas declarações do general Paulo Chagas revela um impasse importante, ainda presente na sociedade brasileira. De um lado, há os que defendem a legalidade das ações das Forças Armadas durante o processo eleitoral que levou À eleição de Lula. De outro, há quem as acuse de omissão e traição aos princípios que juraram defender, esse grupo acredita que os militares deveriam ter agido para regular o processo ou mesmo impedir a posse de Lula.

Chagas termina sua breve postagem deixando claro que na sua visão, sem o Bolsonarismo o PT talvez não existisse. O oficial disse: “O bolsonarismo, ao que parece, está sendo usado como o principal instrumento de sobrevivência da detestável esquerda lulopetista!”. Talvez sem querer, Paulo Chagas fez alusão ao pensamento de Jean-Pierre Faye (Les Langages Totalitaires – 1972) e sua teoria da ferradura. O filósofo francês defende que, além de se aproximarem, opostos radicais frequentemente se fortalecem mutuamente, alimentando um ciclo de polarização.

Robson Augusto – Revista Sociedade Militar