Ataque de bolsonaristas ao Comando das Forças Armadas faz confiança no Exército, Marinha e Aeronáutica despencar 47,8% em 2 anos, diz CEO de instituto de pesquisa

Sete em cada 10 brasileiros dizem não confiar nas Forças Armadas. Encomendados pela CNN Brasil, os números foram levantados pelo Instituto Atlas e divulgados neste sábado, 15 de fevereiro.
De acordo com a pesquisa, só 24% dos entrevistados disseram confiar no Exército, Marinha e Força Aérea.
O índice é o menor nos últimos anos. Em abril de 2023 a confiança era de 46%. Em julho de 2023, caiu para 36%. E agora está nos 24%. Considerando esse período, a confiança nas instituições militares caiu 47,8%.
Segundo Andrei Roman, CEO da AtlasIntel, o número se deve ao fato de os militares terem ficado mais “calados” depois que o presidente Lula assumiu o governo, gerando atrito com bolsonaristas.
“Muitos bolsonaristas passaram a atacar o comando das Forças e de desqualificá-los como traidores, dizer que eles não tiveram coragem de se levantar para defender Bolsonaro”.
Entretanto, Roman argumenta que os militares seguem igualmente “queimados” com a esquerda, porém por motivos diferentes.
Atualmente a instituição que tem mais confiança entre os brasileiros, segundo a pesquisa, é a Polícia Federal, com 53%. A Polícia Militar tem 50% de confiança e o STF (Supremo Tribunal Federal) tem 49%.
Entre as instituições menos confiáveis estão o Congresso Nacional (9%), as igrejas evangélicas (18%) e as prefeituras (24%).
O Instituto Atlas entrevistou 817 pessoas entre os dias 11 e 13 de fevereiro e a margem de erro é de 3% para mais ou para menos. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.
Exército preocupado com sua imagem
Das 3 Forças Armadas, o Exército é a que mais tem dado sinais de preocupação com sua imagem institucional. Algo destacado pelo historiador Manuel Domingos Neto durante entrevista ao canal esquerdista TV 247 no YouTube. Inúmeros movimentos corroboram para a tese:
- No dia 11 de fevereiro, a Força Terrestre comemorou o fato de ser líder em interações nas redes sociais, considerando a comunicação de instituições públicas. Entretanto, deixou de lado uma avaliação qualitativa das 18 milhões de interações, que podem ser mais negativas do que positivas.
- Outra notícia que veio à tona, em 5 de janeiro, por meio do colunista de O Globo, Lauro Jardim, é que, passados 200 anos, a Força Terrestre tem avaliado mudar o lema Braço Forte, Mão Amiga, num claro sinal de reposicionamento.
- No final do ano passado, o Exército quebrou a tradição ao deixar de divulgar a mensagem de fim de ano do Comandante, o que foi feito normalmente pela Marinha e Força Aérea Brasileira.
- Outra medida no apagar das luzes de 2024 foi a contratação de 3 pesquisas no valor de R$ 717 mil reais para levantar o direcionamento e as tendências da opinião pública em relação a temas relevantes para a Força Terrestre.
- No Planejamento Estratégico Setorial de Defesa 2024-2035, um capítulo é dedicado a aumentar a percepção da sociedade brasileira sobre a importância dos assuntos relacionados à defesa do país. Entre outros, um dos grandes benefícios dessa natureza de diretriz é o fortalecimento da imagem institucional.