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Coreia do Norte ordena que escolas aumentem a criação de coelhos para alimentar o Exército em nova medida emergencial contra a fome

por Alves 27/04/2025
Coreia do Norte ordena que escolas aumentem a criação de coelhos para alimentar o Exército em nova medida emergencial contra a fome

O regime norte-coreano ordenou que todas as escolas do país aumentem a criação de coelhos para abastecer o Exército, reforçando uma prática estatal iniciada nos anos 1970 para enfrentar a escassez de alimentos. A decisão ocorre às vésperas do 93º aniversário da fundação das Forças Armadas, com fiscalização rigorosa e ameaças de punições para instituições e instrutores que não cumprirem as metas.

A medida foi revelada pela Radio Free Asia e demonstra a continuidade de práticas de mobilização forçada de recursos em favor das forças militares. Instrutores da liga juvenil, órgão de doutrinação política, foram encarregados de supervisionar o cumprimento das metas nas escolas, que agora precisam criar no mínimo mil coelhos cada.

De acordo com relatos vindos da província de Pyongan do Sul, instrutores que não atingirem os objetivos estipulados enfrentam advertências ou afastamento de seus cargos. Parte dos coelhos será enviada diretamente a unidades militares para reforçar o apoio logístico do Exército norte-coreano.

Embora o país incentive há décadas a criação de animais de pequeno porte para combater a fome, esta é a primeira vez que o governo institui inspeções formais em escolas. Em Hamgyong do Sul, por exemplo, cada escola do condado de Gowon foi incumbida de fornecer 300 coelhos reprodutores em apenas uma semana.

A coleta de alimento para os animais também foi imposta aos estudantes, que são obrigados a recolher grama em campos abertos, já que a coleta em áreas protegidas é proibida. A prática amplia o esforço de mobilização da juventude em atividades que extrapolam o âmbito educacional.

Historicamente, a criação obrigatória de coelhos remonta aos anos 1970, com a maior parte da produção sendo entregue ao governo. Muitos alunos, contudo, não chegam a consumir a carne que ajudam a produzir, e há relatos frequentes de desvios promovidos por autoridades locais.

Em 2010, instituições de caridade enviaram coelhos gigantes para ajudar no combate à fome no país, mas os animais desapareceram misteriosamente, alimentando suspeitas de abate precoce. A falta de transparência sobre o destino dos recursos é uma constante nas operações do regime.

Professores demonstram insatisfação crescente com a medida. “As escolas deveriam ser lugares para ensinar, não depósitos de suprimento militar”, afirmou um educador sob anonimato à Radio Free Asia, refletindo o mal-estar entre a classe docente diante das novas imposições.

Fonte: R7