Em plena trégua pascal e sob desconfiança mútua, Rússia e Ucrânia surpreendem ao realizar troca simultânea de 246 prisioneiros de guerra após quase três anos de conflito violento

Rússia e Ucrânia realizaram neste sábado (19) uma ampla troca de prisioneiros de guerra, com 246 militares libertos por cada lado, além de 46 soldados feridos que necessitavam de atendimento médico urgente. A ação, uma das poucas áreas restantes de cooperação entre os dois países em guerra desde fevereiro de 2022, ocorreu em meio ao anúncio de um cessar-fogo temporário feito pelo presidente russo Vladimir Putin por ocasião da celebração da Páscoa.
O presidente russo ordenou a suspensão das ações militares entre as 18h de sábado e a meia-noite de domingo (horário local), alegando motivos humanitários. “Partimos da premissa de que a parte ucraniana seguirá nosso exemplo”, declarou Putin em reunião com o comandante do Estado-Maior russo, Valeri Guerasimov. Apesar do apelo à trégua, o presidente alertou que as tropas devem estar prontas para reagir a possíveis violações e provocações durante o período estipulado.
Do lado ucraniano, o presidente Volodimir Zelensky afirmou que o país seguiria o cessar-fogo, desde que fosse respeitado por Moscou. Em publicação nas redes sociais, Zelensky declarou que “se a Rússia agora está subitamente disposta a se comprometer realmente com um formato de silêncio completo e incondicional, a Ucrânia agirá de acordo”. Ele ainda sugeriu a extensão da trégua para além do domingo de Páscoa, celebrado este ano em 20 de abril tanto por católicos quanto por ortodoxos.
Apesar dos pronunciamentos oficiais, há relatos de que os combates continuaram em determinadas regiões do território ucraniano. Soldados ucranianos posicionados em Kramatorsk, no leste do país, expressaram ceticismo quanto ao cumprimento da trégua por parte das forças russas. “É impossível acreditar em qualquer tipo de cessar-fogo por parte dessas pessoas”, afirmou um militar identificado como Dmitri, de 40 anos. Outro soldado, Vadim, destacou a importância de filtrar informações e manter vigilância.
Na véspera da trégua, o governo russo anunciou o fim da moratória que suspendia bombardeios contra instalações energéticas ucranianas, após acusar Kiev de violar mais de cem vezes um acordo de não-agressão a esse tipo de infraestrutura. Putin afirmou que a resposta de Kiev à proposta de cessar-fogo evidenciará “a sinceridade do regime de Kiev e sua capacidade de participar de um processo de paz”.
A informação foi divulgada por diversas agências internacionais, incluindo a AFP, e publicada pelo portal noticias.uol, com base em declarações oficiais dos presidentes Vladimir Putin e Volodimir Zelensky, além de entrevistas realizadas por correspondentes nas zonas de combate.
A troca de prisioneiros e o anúncio de cessar-fogo ocorrem em meio à pressão internacional, especialmente dos Estados Unidos. O presidente norte-americano Donald Trump, em novo mandato desde janeiro, ameaçou interromper as negociações de paz se não houver progresso significativo.