Marinha do Brasil admite o pior: Capacidades operativas conquistadas pela Força Naval não satisfazem o Ministério da Defesa

A Marinha do Brasil apresentou as principais ações desenvolvidas para a defesa da soberania nacional e segurança das águas jurisdicionais no Relatório de Gestão de 2024, divulgado em 8 de abril, onde também admitiu expressamente que “as capacidades operativas conquistadas pela Força Naval não satisfazem às capacidades militares desejadas pelo Ministério da Defesa”.
A revelação vai de encontro às opiniões de especialistas ouvidos recentemente pelo portal Revista Sociedade Militar. Todos foram unânimes em afirmar que as Forças Armadas brasileiras não estão preparadas para uma guerra moderna e que esse contexto coloca o Brasil em risco de sofrer com ganância estrangeira, perdas de vidas e prejuízos dos interesses nacionais.
No material, a Força Naval também apresentou os desafios enfrentados para desempenhar seu papel estratégico na defesa do país e no cumprimento de suas atribuições constitucionais, entre eles os riscos estratégicos aos quais está exposta.
Ao todo, a Marinha do Brasil elegeu 4 principais riscos.
1 – Risco orçamentário/Financeiro
O contingenciamento de recursos orçamentários, em razão de eventos que afetam a economia nacional ou internacional, podem acarretar atrasos nos retornos esperados e a necessidade de ajuste nos programas estratégicos.
Além de prejudicar a operacionalidade da Força, esse risco também afeta a execução de projetos de assistências às populações em risco social, como ribeirinhos e indígenas.
Nesse tópico, a Marinha pretende prospectar fontes de financiamento alternativas para seus projetos e atividades e apresentar ao governo federal uma pauta econômica de forma a priorizar os investimentos em Defesa.
2 – Risco tecnológico
A Marinha afirma no Relatório de Gestão de 2024 que as capacidades operativas conquistadas pela Força Naval não satisfazem às capacidades militares desejadas pelo Ministério da Defesa.
Um dos fatores para essa realidade é o surgimento de novos materiais de defesa que causam obsolescência tecnológica antecipada naqueles que ainda estão em produção ou desenvolvimento.
Para mitigar esse risco, a Força Naval estuda atualizar os requisitos de novas entregas, ajustar o escopo de projetos e programas e reavaliar os estudos de viabilidade econômica.
3 – Pessoal
A Marinha avalia que a perda de conhecimento e capacidades devido à rotatividade de pessoal civil e militar afeta sua eficiência, seja por aposentadoria/reserva ou término do tempo de serviço de militares temporários.
Um dos planos da Armada para esse tópico é ampliar e aprimorar as técnicas de Gestão de Recursos Humanos, para melhor dimensionamento da força de trabalho e da gestão de conhecimento.
4 – Institucional
Para a Força Naval há atualmente uma perda de prioridade no governo federal dos programas estratégicos contidos no portfólio de Projetos Estratégicos de Defesa.
Por isso, planeja reforçar a importância desses programas e divulgar melhor as entregas, evidenciando as consequências de não se resguardar os interesses nacionais.
Riscos positivos para a Marinha do Brasil
Para além dos riscos estratégicos, que são mais altos, a Marinha também identificou 11 dos chamados riscos positivos. Ou seja, acontecimentos e situações que podem ser explorados para se converterem em oportunidade.
São eles:
- Atração de investimentos privados
- Parcerias estratégicas com Academias e Instituições de Ciência e Tecnologia
- Fomento da Indústria Nacional
- Retomada da Construção Naval
- Desenvolvimento da Indústria Nuclear Nacional
- Domínio da tecnologia de gestão e fiscalização de construção de submarinos
- Maior capacidade industrial para construção e manutenção de submarinos
- Maior nível técnico operacional do sistema de defesa
- Construção de Produtos Especiais de Defesa com propriedade intelectual da Marinha
- Aplicação de novas Tecnologias relacionadas aos Auxílios à Navegação
- Desenvolvimento da mentalidade marítima como impulsionador do progresso da Economia Azul sustentável