Revista Sociedade Militar, todos os direitos reservados.

Caça da FAB não perdoa e intercepta avião com traficantes; Força Aérea Brasileira utiliza caças A-29 Super Tucano em operação

por Alisson Ficher 16/04/2025
Caça da FAB não perdoa e intercepta avião com traficantes; Força Aérea Brasileira utiliza caças A-29 Super Tucano em operação

Um episódio de tensão e estratégia militar se desenrolou nos céus da Amazônia brasileira em abril de 2025, quando um bimotor cruzou ilegalmente a fronteira com o Brasil.

O que parecia ser apenas mais uma violação de espaço aéreo revelou-se uma ação coordenada de combate ao narcotráfico, com envolvimento de múltiplas forças de segurança e tecnologia militar de ponta.

A Força Aérea Brasileira (FAB), com o apoio da Polícia Federal (PF) e do Grupo Especial de Fronteira (GEFRON), executou uma interceptação de alto risco que culminou na apreensão de drogas e na prisão de dois suspeitos de origem boliviana.

Alerta nos radares e mobilização imediata

Por volta das 9h da manhã do domingo, 13 de abril, os radares do Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA IV) detectaram a presença de uma aeronave desconhecida, modelo Seneca de prefixo PT-RBC, invadindo o espaço aéreo brasileiro a partir do território peruano.

A entrada irregular ativou imediatamente os protocolos de defesa previstos no sistema de policiamento do espaço aéreo nacional.

O Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) acionou caças A-29 Super Tucano, especializados em missões de ataque leve e interceptação de alvos de baixa velocidade, para investigar e reagir à ameaça em tempo real.

Protocolos de interceptação e queda da aeronave

Ao localizar o bimotor suspeito, os pilotos da FAB realizaram os procedimentos previstos para interceptação: reconhecimento visual, interrogação eletrônica e ordens de mudança de rota.

Essas medidas fazem parte de um protocolo gradativo, com o objetivo de evitar o uso de força letal sempre que possível.

Contudo, a recusa do piloto em responder aos comandos e a manutenção da rota irregular classificaram a aeronave como hostil, exigindo medidas mais incisivas.

Durante a manobra de contenção, o avião acabou descendo de forma abrupta e colidiu com o solo em uma região isolada próxima ao rio São Manoel, que marca a divisa entre os estados de Mato Grosso e Pará.

A queda ocorreu em uma área de mata fechada, nas proximidades da Aldeia Ariramba, tornando o resgate e a operação terrestre ainda mais complexos.

Helicóptero Black Hawk entra em ação

Com a aeronave abatida e o local da queda confirmado, um helicóptero H-60 Black Hawk da FAB foi enviado à área para dar suporte às operações de solo.

A bordo, agentes da Polícia Federal especializados em Medidas de Controle no Solo (MCS) desembarcaram para investigar os destroços e buscar possíveis sobreviventes.

Dois cidadãos bolivianos foram localizados e presos no perímetro do acidente.

Além disso, os policiais encontraram vários pacotes com substância análoga à maconha, indicando que a aeronave servia ao transporte de drogas.

Os detidos e o material apreendido foram levados sob custódia até a cidade de Alta Floresta (MT), onde começaram as investigações formais.

Operação Ostium: combate ao crime na fronteira

A ação fez parte da Operação Ostium, um dos braços mais estratégicos do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF).

Essa iniciativa articula esforços das Forças Armadas com órgãos civis e policiais para combater crimes transfronteiriços como o tráfico de drogas, armas e o contrabando.

A FAB vem investindo pesadamente em tecnologias de radar, interceptação aérea e integração com sistemas de inteligência policial, especialmente em áreas críticas da Amazônia Legal.

A fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia é considerada uma das principais rotas de tráfico da América do Sul, com dezenas de registros mensais de aeronaves irregulares tentando burlar a vigilância aérea.

Defesa aérea em ação constante

Essa não é uma ocorrência isolada.

Nos últimos anos, o Brasil tem intensificado o uso de caças Super Tucano e helicópteros H-60 Black Hawk em operações de interdição aérea, especialmente nos estados de Mato Grosso, Acre, Rondônia e Amazonas.

Essas aeronaves são treinadas para operar em ambiente hostil, com velocidade de resposta elevada e capacidade de atuar em regiões de difícil acesso.

Além disso, o uso de satélites, drones e sensores terrestres se tornou essencial para a vigilância contínua da extensa fronteira brasileira, que ultrapassa os 16 mil quilômetros.

O investimento na defesa aérea nacional busca equilibrar soberania, segurança e combate ao crime organizado internacional, que há anos tenta explorar brechas na fiscalização de fronteiras.

Brasil mostra força e dissuasão

A queda da aeronave no Mato Grosso e a prisão dos bolivianos representam mais do que o desmantelamento de uma operação criminosa.

Reforçam a mensagem de que o Brasil está vigilante e preparado para proteger seu espaço aéreo com rigor e tecnologia.

Essa atuação integrada entre FAB, Polícia Federal e forças estaduais mostra um novo momento na política de segurança de fronteiras, com respostas rápidas, eficazes e coordenadas.