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O livro branco: novo documento da China desafia o poder dos EUA e alerta para colapso da economia mundial!

por Alisson Ficher Publicado em 10/04/2025
O livro branco: novo documento da China desafia o poder dos EUA e alerta para colapso da economia mundial!

Em um momento de tensão crescente entre as duas maiores economias do planeta, a China lançou uma ofensiva inesperada, não com mísseis, mas com palavras afiadas e argumentos calculados.

Com uma narrativa contundente e diplomática, Pequim expôs oficialmente as transgressões dos Estados Unidos em um extenso documento publicado em 9 de abril de 2025.

O alvo foi claro: os EUA e sua política de tarifas comerciais, que vêm ameaçando o equilíbrio do comércio global.

A publicação de um novo “Livro Branco”, um documento estatal de orientação oficial, representa um contra-ataque direto à guerra comercial que vem se intensificando desde o início do mês.

Intitulado “A Posição da China sobre Algumas Questões nas Relações Econômico-Comerciais China-EUA”, o texto com 49 páginas detalha uma série de violações que Washington teria cometido contra os princípios do comércio internacional.

Segundo autoridades chinesas, as ações americanas não apenas ferem a lógica econômica global, mas também ameaçam empurrar o mundo para uma nova crise sistêmica.

Uma guerra sem tanques, mas com tarifas pesadas

O estopim para o novo capítulo dessa disputa foi o aumento unilateral de tarifas por parte dos EUA.

Washington anunciou uma taxação de até 104% sobre produtos chineses, alegando práticas desleais de mercado, transferência forçada de tecnologia e espionagem comercial.

Pequim reagiu imediatamente.

A China contra-atacou com tarifas de até 84% sobre importações norte-americanas e, ao mesmo tempo, iniciou uma movimentação estratégica interna.

O país passou a articular políticas coordenadas entre seus ministérios e empresas estatais para minimizar os danos da guerra aduaneira.

Mais do que apenas um ajuste fiscal, trata-se de um reposicionamento completo do gigante asiático frente ao cenário geoeconômico mundial.

Livro Branco: a nova arma diplomática chinesa

O Livro Branco é um recurso poderoso que o governo chinês utiliza para tornar públicas suas posições oficiais em assuntos delicados.

Em um dos trechos mais contundentes do Livro Branco, a China acusa diretamente os Estados Unidos de minarem a ordem econômica internacional com ações consideradas unilaterais, protecionistas e prejudiciais ao comércio global.

O documento alega que Washington tem desrespeitado sistematicamente os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), adotando medidas coercitivas contra empresas estrangeiras e promovendo políticas que distorcem a concorrência internacional.

Entre as violações citadas estão o uso abusivo de tarifas sob o pretexto de segurança nacional, a imposição de sanções econômicas unilaterais sem respaldo em organismos multilaterais e o bloqueio de nomeações para o órgão de apelação da OMC, comprometendo o funcionamento adequado do sistema de resolução de disputas comerciais.

O texto também condena o uso de medidas que visam conter o desenvolvimento tecnológico de outras nações, especialmente da China, como parte de uma estratégia de hegemonia econômica.

Apesar das críticas duras, o governo chinês reforça no mesmo documento sua disposição para retomar um diálogo construtivo com os EUA e evitar que os atritos comerciais evoluam para uma crise mais ampla com impactos sistêmicos.

Essa postura reflete a estratégia de Pequim de adotar um tom firme, mas ainda diplomático, ao buscar preservar seus interesses comerciais sem descartar completamente a via da negociação.

Efeitos colaterais em cadeia

As consequências dessa guerra comercial não se limitam apenas aos dois protagonistas.

Especialistas em economia internacional alertam que o confronto já provoca reflexos diretos em cadeias produtivas globais, especialmente em setores como eletrônicos, energia, agricultura e semicondutores.

Empresas multinacionais começaram a rever suas cadeias de suprimento e estão migrando fábricas para países que oferecem menor risco geopolítico, como Vietnã, Indonésia e México.

A própria inflação global pode ser impactada com o prolongamento desse embate, especialmente se houver novos embargos comerciais ou retaliações tecnológicas.

Guerra comercial 2.0: mais do que apenas economia

Embora o foco esteja em tarifas e acordos, a disputa entre EUA e China vai muito além dos contornos econômicos.

Para analistas do setor, trata-se de uma batalha pela liderança tecnológica, militar e ideológica do século XXI.

A publicação do Livro Branco em 2025 sinaliza que Pequim está disposta a elevar o tom e ampliar a confrontação pública com os EUA, mesmo que mantenha canais diplomáticos abertos para evitar um colapso global.

A menção à necessidade de “cooperação para preservar a estabilidade mundial” aparece diversas vezes no documento, indicando que a China pretende jogar em dois tabuleiros: o da crítica feroz e o da responsabilidade global.

O que esperar dos próximos capítulos

O cenário atual indica que a guerra comercial tende a se agravar antes de qualquer sinal de resolução.

Especialistas já falam em uma “nova cortina de ferro” entre o Ocidente e o Oriente, desta vez baseada em tecnologia, dados e comércio internacional, e não apenas em ideologia política.

Empresas de tecnologia chinesas continuam sob pressão de restrições impostas por Washington, enquanto os EUA buscam aumentar parcerias estratégicas com Europa e Japão para conter a expansão econômica da China.

Se novos embargos forem impostos ou se as tarifas aumentarem ainda mais, o impacto global pode ser semelhante ao da crise financeira de 2008, alertam economistas do Instituto Peterson de Economia Internacional.

Alisson Ficher

Alisson Ficher