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BRASIL EM RISCO: Irã e Venezuela firmam pacto militar sigiloso e instalam base de drones a poucos quilômetros do território brasileiro

por Marcos 04/04/2025
BRASIL EM RISCO: Irã e Venezuela firmam pacto militar sigiloso e instalam base de drones a poucos quilômetros do território brasileiro

A Venezuela consolida-se cada vez mais como o principal polo de atuação estratégica do Irã na América do Sul. No centro dessa aliança, estão acordos militares e econômicos firmados entre os dois regimes autoritários, que desafiam diretamente os interesses dos Estados Unidos e de seus aliados ocidentais. O mais recente capítulo dessa aproximação foi o pouso de um cargueiro iraniano Boeing 747 na Base Aérea Libertador, em Maracay, no último dia 30 de março — movimentação classificada como “suspeita” por analistas internacionais.

Segundo reportagem do portal argentino Infobae, o Irã já instalou uma fábrica de drones militares dentro da principal base aérea venezuelana, com o objetivo de treinar militares locais no uso de aeronaves não tripuladas de ataque, como os modelos Mohajer-6 e Shahed-131, amplamente utilizados em conflitos no Oriente Médio e na guerra da Ucrânia.

Acordos militares e isenção de vistos

Após as eleições de 2024, marcadas por fortes denúncias de fraude, o governo chavista intensificou suas relações com Teerã. Em uma reunião da Comissão Conjunta de Cooperação Econômica Irã–Venezuela, realizada em Caracas, o ministro da Defesa iraniano, general Aziz Nasirzadeh, garantiu apoio militar irrestrito ao regime de Nicolás Maduro. O pacto inclui transferência de tecnologia bélica, treinamento das Forças Armadas Venezuelanas e a assinatura de um acordo de isenção de vistos, facilitando o trânsito de agentes entre os dois países.

Maduro celebrou o tratado, exaltando o Irã como uma “potência tecnológica e científica” e reafirmando a resistência conjunta contra o que ambos chamam de “forças imperialistas”.

Ouro venezuelano em troca de combustível iraniano

Em meio às sanções internacionais que asfixiam sua economia, a Venezuela tem recorrido ao Irã como fonte de energia e apoio logístico. Em troca do envio de petróleo refinado, o regime chavista estaria enviando barras de ouro por meio da companhia aérea iraniana Mahan Air. Investigações apontam que esse ouro é posteriormente comercializado de maneira irregular na Turquia e em outros países do Oriente Médio, com indícios de que os recursos financiem operações da Força Quds — braço externo da Guarda Revolucionária do Irã, conhecido por apoiar grupos como o Hezbollah e o Hamas.

Foto divulgada pelo Exército do Irã em 19 de abril de 2023 mostra veículos aéreos militares não tripulados (UAVs ou drones) em exibição durante uma cerimônia — Foto: Exército do Irã via AFP
Foto divulgada pelo Exército do Irã em 19 de abril de 2023 mostra veículos aéreos militares não tripulados (UAVs ou drones) em exibição durante uma cerimônia — Foto: Exército do Irã via AFP

Alerta para a segurança regional

A intensificação dessa aliança já preocupa países vizinhos, em especial o Brasil, que compartilha uma extensa fronteira com a Venezuela. Embora o governo brasileiro mantenha relações diplomáticas amistosas com Maduro, as Forças Armadas seguem vigilantes, cientes do risco geopolítico crescente. A instalação de bases iranianas e o treinamento de tropas venezuelanas com tecnologia bélica de ponta representam uma ameaça potencial à estabilidade da América do Sul.

“Não é apenas uma questão de política interna venezuelana. Estamos diante de um ponto de inflexão estratégico, que pode redefinir os rumos da segurança regional”, afirma o analista internacional Diego López, do Instituto de Defesa Latino-Americana (IDLA).

Refúgio e alinhamento ideológico

Relatórios também revelam que o regime iraniano garantiu acordos de asilo com Caracas, caso uma crise interna comprometa o governo de Teerã. A aliança extrapola o campo militar, consolidando um pacto de proteção mútua entre duas nações sob crescente isolamento diplomático.

Para a população venezuelana, a aproximação entre os dois países pouco representa em termos de alívio imediato. A crise humanitária persiste, com milhões de pessoas vivendo na pobreza extrema e centenas de milhares buscando refúgio em países vizinhos, como Colômbia e Brasil.