Uma das maiores referências da indústria automobilística e bélica brasileira, a Engesa, retomou oficialmente as atividades após três décadas. O retorno foi marcado pela entrega de seis veículos blindados Urutu restaurados à Brigada Militar do Rio Grande do Sul. A cerimônia aconteceu nesta segunda-feira (17), na sede do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, e reuniu representantes da empresa, autoridades militares e estaduais.

Criados originalmente pela própria Engesa entre as décadas de 1970 e 1990, os veículos Urutu passaram por um processo de retrofit, que inclui revisão e restauração mecânica, modernização tecnológica e adaptação operacional, além de pintura característica da brigada. A medida permite que os blindados voltem ao uso nas missões mais exigentes das forças de segurança gaúchas, incluindo operações especiais e ações humanitárias.

Durante o evento, o diretor executivo do Grupo Engesa, Nelinho Pozza, ressaltou o significado deste momento para a empresa e para a indústria militar nacional. “É uma missão que exige bastante responsabilidade. Continuar a história de uma das maiores empresas do segmento no Brasil, certamente a mais importante na indústria militar, é um desafio grande, mas muito gratificante. Conduzimos isso com seriedade e acreditamos fortemente no potencial de desenvolvimento dos produtos que vão surgir nos próximos anos para atender demandas tanto no Brasil quanto no exterior”, declarou.

Nelinho ressaltou, ainda, o valor histórico e operacional destes veículos. “Ver veículos produzidos há décadas ganhando nova vida, servindo à segurança da população do Rio Grande do Sul, é uma grande satisfação. Eles comprovam a qualidade, durabilidade e capacidade tecnológica que a Engesa sempre teve. Com os ajustes certos, estes blindados estão prontos para desempenhar um papel fundamental na nossa segurança por muitos anos”, enfatizou.

Tradição e inovação

Fundada em 1958, a Engesa conquistou destaque mundial produzindo veículos militares robustos e confiáveis. A empresa forneceu blindados e veículos off-road a mais de 18 países, incluindo clientes importantes no Oriente Médio, onde seus produtos se destacaram pela qualidade e resistência em condições extremas de combate.

Apesar do sucesso global, uma crise no setor bélico brasileiro no final dos anos 80 forçou o encerramento das operações em 1993. Desde então, o mercado sentia falta de uma referência nacional na produção de veículos civis e militares, lacuna que o grupo atual da Engesa decidiu preencher ao reunir engenheiros experientes com histórico em grandes projetos da antiga empresa e também passagens por companhias renomadas como Avibras e KMW.

Para manter o foco na tradição de excelência técnica e inovação tecnológica, a empresa estruturou dois segmentos: a Engesa Auto, responsável pelo desenvolvimento e fabricação de veículos civis, militares e agrícolas, além de realizar retrofit em modelos clássicos como os Urutu; e a Engesa Aero, especializada em tecnologia, incluindo sistemas avançados de geolocalização, sensores, softwares específicos para defesa e equipamentos para veículos aéreos e terrestres.

Expansão da Engesa

Após a entrega dos blindados Urutu, a expectativa é que a Engesa revele ao mercado novidades envolvendo veículos inovadores e tecnologias exclusivas nos próximos meses. Nelinho Pozza adiantou que a empresa já conta com diversos novos projetos em andamento, alguns em fase avançada de testes.

Segundo ele, a equipe multidisciplinar formada para esse novo capítulo da Engesa já mostra resultados promissores. “Quando você reúne profissionais altamente capacitados e experientes, coisas incríveis acontecem. É muito gratificante e motivador ver o potencial da Engesa e da indústria brasileira tomando forma novamente como há décadas não víamos. Nosso desafio é semelhante ao dos fundadores da Engesa nos anos 60. Estamos ansiosos para anunciar em breve nossos próximos passos e novos produtos”, projetou o diretor executivo do grupo.

Revista Sociedade Militar – Engesa