O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) está desenvolvendo um projeto inovador que visa melhorar a segurança, eficiência e fluidez do tráfego aéreo no Atlântico Sul. A medida, que será implementada até 2026, visa operacionalizar o sistema Performance-Based Communication and Surveillance (PBCS) na Região de Informação de Voo (FIR) Atlântico, um espaço aéreo de grande importância, especialmente nas rotas que conectam a América do Sul à Europa.
A decisão de implementar o PBCS na FIR Atlântico foi tomada após o crescimento contínuo do número de movimentos aéreos, particularmente entre os continentes americano e europeu. Este crescimento foi observado antes da pandemia de COVID-19 e gerou a necessidade de buscar soluções para garantir que o tráfego aéreo na região fosse gerido de forma mais eficiente e segura.
O PBCS é uma tecnologia que usa comunicação e vigilância por enlace de dados para melhorar o controle do tráfego aéreo. Ele permite uma redução nas separações entre aeronaves em regiões remotas, onde a cobertura radar e VHF tradicionalmente apresenta limitações. A implementação do sistema PBCS no Atlântico Sul permitirá que as aeronaves sigam rotas mais eficientes e, ao mesmo tempo, aumentem a segurança, mesmo em áreas com baixa cobertura de radar.
O projeto faz parte do Programa SIRIUS Brasil, que busca modernizar o sistema de navegação aérea e adaptar o controle de tráfego para os novos desafios do setor. A FIR Atlântico cobre uma extensa área do Oceano Atlântico, incluindo a crucial rota EUR/SAM, e a área de rotas aleatórias RNAV do Oceano Atlântico (AORRA), que são vitais para o transporte aéreo internacional.
Para garantir o sucesso da implementação, o PBCS se baseia em tecnologias já implementadas pelo DECEA, como a CPDLC (Controller-Pilot Data Link Communication) e o ADS-C (Automatic Dependent Surveillance-Contract). Essas tecnologias permitem uma comunicação eficiente entre as aeronaves e os controladores de tráfego aéreo, especialmente em áreas com pouca ou nenhuma cobertura radar.
A implementação do sistema trará benefícios diretos para os operadores aéreos, como a redução no consumo de combustível e a diminuição das emissões de gases poluentes, o que contribuirá para a sustentabilidade do setor aéreo. No entanto, para que as aeronaves possam se beneficiar dessas melhorias, elas precisarão ser equipadas com as tecnologias adequadas de comunicação e vigilância, conforme os requisitos do PBCS.
O conceito de separações reduzidas, que é uma das principais características do PBCS, será implementado em duas fases. Na primeira fase, a separação longitudinal será de 5 minutos, mantendo uma separação lateral de 50 milhas náuticas. Na segunda fase, a separação longitudinal será reduzida para 30 milhas náuticas, e a separação lateral será de 23 milhas náuticas, permitindo uma gestão ainda mais eficiente do tráfego aéreo.
Esse novo modelo de controle de tráfego aéreo não só visa garantir a segurança, mas também a flexibilidade operacional e a melhoria contínua das capacidades do sistema de navegação aérea, alinhando-se à visão de futuro do DECEA para o tráfego aéreo no Brasil e no mundo. O sucesso da implementação do PBCS também contribuirá para a posição estratégica do Brasil no transporte aéreo global.
O DECEA ressalta que a implementação desse sistema é um marco importante no controle do tráfego aéreo e tem o objetivo de garantir que a FIR Atlântico continue desempenhando seu papel de forma eficiente e segura, em conformidade com as diretrizes internacionais da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Além disso, a medida se insere no esforço de inovação e modernização do setor aéreo brasileiro.
A informação foi divulgada por “DECEA” e está disponível para consulta pública através deste link, com o sistema para sugestões da comunidade aeronáutica aberto até 11 de abril.