Estados Unidos consideram fechamento de consulados no Brasil: possível decisão do governo Trump de encerrar postos diplomáticos pode impactar diretamente o comércio, o turismo e as relações bilaterais

O governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, está considerando o fechamento de diversos consulados e postos diplomáticos ao redor do mundo, incluindo representações no Brasil e na Europa. A medida, alinhada à política externa “America First”, tem como objetivo cortar custos e priorizar interesses internos. No entanto, especialistas alertam para os impactos dessa decisão nas relações diplomáticas, na segurança nacional americana e na disputa de influência global, especialmente em um momento em que a China expande sua presença internacional.
Corte na diplomacia e seus impactos globais
O Departamento de Estado dos EUA confirmou a intenção de reduzir sua presença diplomática no exterior, alegando a necessidade de reavaliar sua postura global. Entre os consulados que podem ser fechados na Europa, destacam-se os localizados em Florença (Itália), Estrasburgo (França), Hamburgo (Alemanha) e Ponta Delgada (Portugal). No Brasil, ainda não há confirmação oficial sobre quais representações serão afetadas, mas atualmente o país conta com consulados em Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e um escritório da embaixada em Belo Horizonte.
A redução da presença diplomática dos EUA pode comprometer setores estratégicos, como o comércio, o turismo e a segurança. Além disso, o fechamento de consulados pode enfraquecer a capacidade do país de formar alianças estratégicas, coletar informações de inteligência e atuar em missões de combate ao terrorismo e ações humanitárias.
China aproveita espaço deixado pelos Estados Unidos
A decisão do governo Trump ocorre em um momento crítico, pois a China vem ampliando sua presença global. De acordo com um estudo do Lowy Institute, a China ultrapassou os Estados Unidos em número de representações diplomáticas, com 274 postos contra 271 dos americanos. Pequim tem investido especialmente em sua influência na Ásia, na África e na América Latina, o que preocupa analistas políticos e militares dos EUA.
Com a redução dos consulados americanos, a China pode expandir ainda mais sua presença em países estratégicos, fortalecendo suas relações comerciais e políticas. Essa movimentação pode impactar diretamente a influência dos Estados Unidos em diversas regiões, limitando sua capacidade de articulação global.
Crise no Departamento de Estado e demissões em massa
Outro fator que agrava a situação é a perda significativa de diplomatas experientes no Departamento de Estado. Apenas nos dois primeiros meses do ano, cerca de 700 funcionários se demitiram, incluindo 450 diplomatas de carreira. Com o congelamento de novas contratações, a equipe diplomática enfrenta dificuldades para manter sua atuação no exterior.
Além disso, o fechamento de consulados pode prejudicar a CIA, que depende dessas representações para operar suas missões de inteligência. Funcionários estrangeiros que trabalham nos consulados também seriam afetados, pois representam a base do conhecimento diplomático americano sobre as realidades políticas e econômicas dos países onde atuam.
Cortes de orçamento e influência global enfraquecida
A redução dos postos diplomáticos faz parte de um esforço maior do governo Trump para cortar gastos. Estima-se que o orçamento do Departamento de Estado possa ser reduzido em até 20%, afetando diretamente a manutenção das missões diplomáticas.
A medida foi acelerada por uma equipe liderada por Elon Musk, que tem trabalhado com diversas agências governamentais para identificar cortes de despesas consideradas desnecessárias. Um memorando enviado aos embaixadores em fevereiro pelo secretário de Estado, Marco Rubio, determinou que os postos diplomáticos no exterior fossem mantidos com o mínimo necessário para implementar as prioridades da política externa de Trump. Além disso, estipulou que quaisquer posições vagas por dois anos deveriam ser eliminadas, o que pode resultar em uma redução drástica no número de diplomatas e funcionários em missões no exterior.
Os Estados Unidos estão perdendo espaço no cenário global?
A decisão de Trump de reduzir a presença diplomática dos EUA pode ter consequências significativas para sua política externa. Enquanto a China fortalece suas relações e amplia sua influência em organismos internacionais, os cortes promovidos pela gestão americana podem enfraquecer a posição global dos EUA e limitar sua capacidade de influência em questões estratégicas.
Além disso, a redução da diplomacia pode prejudicar a cooperação internacional em áreas como segurança, comércio e saúde pública, afetando não apenas os interesses americanos, mas também os de seus aliados ao redor do mundo.
Diante desse cenário, fica a pergunta: será que a estratégia dos EUA de reduzir sua presença diplomática é uma decisão acertada ou um erro estratégico que pode favorecer o crescimento da influência chinesa? O tabuleiro geopolítico está em constante transformação, e as próximas ações do governo americano serão cruciais para definir sua posição no cenário global.