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Os maiores vexames das Forças Armadas Brasileiras: quando a defesa nacional falhou

por Rafael Cavacchini Publicado em 17/03/2025 — Atualizado em 13/03/2025
Os maiores vexames das Forças Armadas Brasileiras: quando a defesa nacional falhou

Os dias em que as Forças Armadas Brasileiras foram ridicularizadas

As Forças Armadas Brasileiras já passaram por situações, no mínimo, constrangedoras. Algumas por falta de estrutura, outras por desorganização, e outras, por pura falta de vontade. A Revista Sociedade Militar consultou especialistas no assunto para relembrar três dos maiores vexames das nossas forças militares.

1) O dia em que um avião cubano passeou pelo Brasil (1982)

Um avião comercial invadir um espaço aéreo sem ser detectado é bastante ruim. Mas foi exatamente isso que a FAB percebeu no dia 9 de abril de 1982, quando um Illyushin IL-62 da Cubana de Aviación atravessou boa parte do Brasil sem ser incomodado.

Chovia forte no Planalto Central naquela noite. De repente, os controladores de tráfego aéreo notaram um sinal não identificado nos radares. Os Mirage III foram acionados às pressas da Base Aérea de Anápolis, mas só conseguiram interceptar o avião quando já estava a 300 km de Brasília.

O resultado foi que uma aeronave civil, sem qualquer tecnologia furtiva, conseguiu invadir o espaço aéreo brasileiro, sobrevoar as regiões Norte e Nordeste e só foi identificada quando já estava chegando no centro do país.

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Se fosse um bombardeiro inimigo, poderia ter destruído tudo sem ser detectado. O pior é que esse episódio só mostrou o quão vulnerável era a defesa aérea do Brasil na época.

A FAB tentou compensar a vergonha nos anos seguintes, interceptando aeronaves britânicas em 1982 e 1995 sobre o espaço aéreo do Rio de Janeiro. Mas, no caso do avião cubano, a realidade foi clara: se não tivesse se aproximado de Brasília, ninguém teria percebido nada.

2) O dia em que um navio russo espionou o Brasil e saiu tranquilo (2020)

Em fevereiro de 2020, um navio russo não identificado foi detectado a quilômetros da costa de Cabo Frio (RJ). A Marinha do Brasil entrou em contato para saber o que a embarcação estava fazendo ali. Nenhuma resposta.

Logo depois, a embarcação simplesmente desligou o AIS (um sistema de rastreamento naval) e desapareceu dos radares. A FAB conseguiu localizá-lo dentro das águas territoriais brasileiras, mas o pior ainda estava por vir.

Navio russo Yantar colocou as FOrças Armadas numa saia justa.
Navio russo Yantar colocou as FOrças Armadas numa saia justa. Foto: Reprodução / Internet

O tal navio era o Yantar, um navio espião russo que já tinha um histórico de espionagem contra os EUA e o Reino Unido. O Yantar estava bem em cima dos cabos submarinos de comunicação do Brasil, que carregam informações estratégicas e confidenciais.

O que a Marinha do Brasil fez? Nada.

Nem interceptou, nem confiscou, nem prendeu a tripulação. Apenas deu um prazo para que o navio deixasse as águas brasileiras – e os russos foram embora antes mesmo do prazo expirar.

Se fosse uma embarcação brasileira se aproximando da Rússia, seria interceptada na hora e sua tripulação detida. Mas aqui, o Yantar espionou à vontade e saiu rindo.

A pior parte

O mais vergonhoso foi que a maior parte da frota da Marinha do Brasil estava no Rio de Janeiro naquele momento:

  1. A base de submarinos estava ali.
  2. O porta-helicópteros Atlântico estava ali.
  3. O navio de desembarque Bahia estava ali.
  4. Os destróieres, helicópteros, lanchas blindadas, tudo estava ali.

E mesmo assim, ninguém fez nada para impedir que um navio russo espionasse comunicações estratégicas do Brasil.

Até tentaram entrar em contato com a Embaixada Russa, mas, claro, Moscou ignorou a pergunta.

3) O dia em que o Exército Brasileiro foi “desligado” pela tecnologia dos EUA (1995)

Imagine uma guerra onde, de repente, todas as suas comunicações militares desaparecem.

Foi exatamente o que aconteceu nos anos 90, quando o Exército dos EUA fez um exercício militar na Guiana. O Brasil, preocupado com a movimentação militar americana tão perto da fronteira, enviou um regimento para monitorar a situação.

Só que os americanos usaram um jammer – um equipamento que interrompe sinais de comunicação – e, de uma hora para outra, o Exército Brasileiro ficou completamente no escuro.

Sem comunicação, sem coordenadas, sem saber o que estava acontecendo.

Isso serviu como um alerta para a fragilidade da nossa tecnologia militar na época. Depois do incidente, o Exército começou a dar mais atenção à guerra eletrônica e aos riscos dos jammers. Mas o fato é que, naquele momento, o Brasil tomou um banho de tecnologia e ficou sem reação.

Entre falhas e falta de ação, o Brasil já passou vergonha

Todos os países do mundo enfrentam falhas militares ao longo da história. Mas os casos acima mostram uma mistura de falhas técnicas, falta de preparo e até mesmo de coragem para reagir das nossas Forças Armadas.

Seja um avião cubano cruzando o Brasil sem ser detectado, um navio russo espionando sem ser incomodado, ou os EUA desligando o Exército Brasileiro com tecnologia, o recado é claro: as Forças Armadas brasileiras já passaram por vexames inacreditáveis.

Se melhoraram? Sim. Mas que esses episódios entraram para a história sobretudo como vergonhas monumentais, isso ninguém pode negar.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.