Soldados esperam dias melhores com o alistamento feminino: Exército quer incorporar 1.500 mulheres em 2025

O serviço militar obrigatório no Brasil sempre foi uma experiência transformadora, moldando jovens dentro dos princípios de disciplina, hierarquia e coletividade. Agora, com a introdução do Serviço Militar Inicial Feminino, essa jornada ganha um novo capítulo. Com mais de 18 mil mulheres alistadas nos primeiros dias, a adesão feminina demonstra um grande interesse em servir ao País, reforçando a importância da modernização das Forças Armadas. O Exército diz que 1.500 mulheres prestarão farão parte do efetivo incorporado para o Serviço Militar Inicial e militares da força antecipam que acreditam que as coisas devem melhorar um pouco pra todos.
Período básico: adaptação e desafios
Ao ingressar no quartel, todo recruta, homem ou mulher, passará por uma fase inicial de adaptação, considerada uma das mais desafiadoras do ano. Vindo da vida civil, o jovem militar precisa se ajustar rapidamente à rotina rígida e à convivência intensa com colegas que, até então, eram completos estranhos. A coletividade é realmente um dos maiores desafios dessa etapa, não são incomuns brigas e atritos já que nem todos estão acostumados com brincadeiras, apelidos e chacotas. Por isso o respeito mútuo é essencial para construir laços duradouros dentro da unidade.
Nos primeiros dias, começam as instruções de ordem unida, em que os soldados aprendem a marchar, a obedecer comandos à voz e a responder a sinais de corneta. Esse treinamento tem seu ponto culminante na cerimônia de entrada pelos portões, um momento simbólico e emocionante, em que os familiares podem assistir ao ingresso oficial do recruta na vida militar.
Em seguida, os soldados enfrentam o período de internato, que pode durar de algumas semanas a um mês. Durante esse tempo, ficam em regime fechado no quartel, sem retorno para casa, passando por treinamentos intensivos. Essa fase é essencial para a adaptação psicológica e física, preparando os recrutas para as exigências do serviço militar inicial.
O dia a dia no quartel: realidade e expectativas
Após a adaptação inicial, a rotina se estabiliza e se torna semelhante à de um expediente de trabalho. A jornada começa cedo, por volta das 6h, com o Treinamento Físico Militar (TFM), seguido de atividades como instruções sobre armamento, primeiros socorros e técnicas de combate. Um dos momentos mais marcantes dessa fase é a Operação Boina, um treinamento prático que encerra a fase inicial e culmina na entrega da boina, símbolo da incorporação plena do soldado ao Exército.
Entretanto, a realidade do serviço militar dificilmente corresponde às expectativas de ação, combate e aventura. Muitos recrutas passam grande parte do tempo varrendo, pintando e realizando serviços de manutenção nos quartéis, uma prática muito comum no Brasil e frequentemente alvo de reclamações. Além disso, aqueles com habilidades específicas, como eletricistas, pedreiros e especialistas em informática, são frequentemente aproveitados em funções técnicas relacionadas aos seus conhecimentos.

As escalas de serviço também representam um dos desafios do dia a dia. Os soldados são frequentemente designados para a guarda do quartel e outras funções de vigilância. Com a introdução das mulheres no serviço militar obrigatório, muitos militares, especialmente os soldados e cabos engajados, acreditam que a carga de trabalho pode ser melhor distribuída, aliviando escalas exaustivas e tornando a rotina um pouco mais equilibrada.
Militares da Marinha do Brasil, que foi pioneira na admissão de mulheres, opinam que houveram melhorias significativas após sua inclusão, inclusive no rancho, onde a alimentação e a organização evoluíram positivamente. “elas são mais exigentes e lutam por melhorias“, diz um suboficial da Marinha ouvido pela RSM.
A inclusão do alistamento feminino e o futuro do serviço militar
A recente implementação do alistamento feminino voluntário, iniciada em janeiro de 2025, está transformando a dinâmica das Forças Armadas. O processo, disponível on-line pelo site do Exército ou pelo aplicativo oficial, já conta com mais de 18 mil mulheres inscritas, com 1.500 vagas abertas para aquelas que desejam se tornar soldados.
O interesse feminino pelo serviço militar não é novidade no Brasil, mas apenas recentemente a possibilidade foi formalmente instituída. Para muitas jovens, o Exército representa não apenas uma oportunidade profissional, mas também um espaço de aprendizado e crescimento pessoal.
Após a fase básica, os soldados, homens e mulheres, passam por qualificações específicas, sendo direcionados para funções que vão desde combate até áreas administrativas e logísticas. No final do período obrigatório, aqueles com melhor desempenho podem optar pelo engajamento, renovando seu vínculo por mais um ano – um processo que pode ser repetido até o limite de oito anos de serviço.
A experiência militar, apesar dos desafios, proporciona disciplina, resiliência e novas oportunidades profissionais, sendo uma porta de entrada para uma possível carreira nas Forças Armadas ou para o desenvolvimento de habilidades úteis no mercado de trabalho civil. Com a entrada das mulheres no serviço militar, espera-se que o ambiente dos quartéis passe por mudanças estruturais e culturais, tornando a rotina mais justa e equilibrada para todos os recrutas.