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Limites de idade no Exército; ser mais velho deveria ser um impedimento para ingressar nas Forças Armadas?

por Rafael Cavacchini 05/03/2025
Limites de idade no Exército; ser mais velho deveria ser um impedimento para ingressar nas Forças Armadas?

Para muitos, é estranho pensar em um senhor mais velho recebendo treinamento para carregar um fuzil e marchar sob sol escaldante. É elementar: o corpo humano tem um prazo de validade para certas atividades, e guerra não é exatamente um jogo de estratégia onde qualquer um pode ser útil só por estar motivado. Há um motivo para existirem limites de idade não apenas no Exército, mas nas Forças Armadas como um todo. O combate exige sobretudo resistência, força e reflexos que simplesmente diminuem com o tempo.

No entanto, o que acontece se a situação for extrema? Nesse caso, a teoria vira algo secundário diante da necessidade.

Quando a idade vira um mero detalhe?

Se um país está prestes a ser engolido por uma ameaça existencial e aparece um veterano querendo voltar ao front, quem vai dizer “não”? Evidentemente, ninguém. É claro que ninguém vai mandar idosos para o front como se fossem fuzileiros, mas for possível colocá-los na retaguarda segurando posições defensivas, liberando soldados mais jovens para os combates intensos, por que não?

Funciona, sim, mas com ressalvas. De acordo com especialistas, pode levar três a cinco vezes mais idosos para igualar a eficácia de um jovem bem treinado. Mas se você tem dez desses portando rifles de alta precisão, certamente podem fazer a diferença.

O que faz sentido e o que não faz

Não dá para imaginar um exército moderno enviando tropas que não estejam no seu auge do vigor físico para operações de alta intensidade no exterior. Mas para forças territoriais, em um cenário onde cada combatente conta, a história pode mudar.

De acordo com especialistas, um bom exemplo disso é a Ucrânia. Depois de três anos de guerra, as forças armadas estão reduzindo os padrões de recrutamento. O Exército Ucraniano já não está sendo tão draconiano com relação ao limite de idade. Ao contrário: estão aceitando soldados cada vez mais velhos porque simplesmente não há mais jovens suficientes para enviar ao combate. Isso é um alerta para qualquer país que insiste em acreditar que guerra se vence apenas com soldados no auge da forma.

No fim, o que conta não é idade, mas necessidade. Se a situação for desesperadora o bastante, qualquer um pode acabar sendo chamado – mesmo que, em tempos normais, ninguém cogitasse tal situação.


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