A escalada na debandada de oficiais chegou nos Capitães da Marinha: oficiais das camadas médias engrossam migração da força naval para vida civil
Nos últimos 5 meses vários oficiais no posto de capitão solicitaram demissão da Marinha do Brasil. Há notícias em diversos canais sobre o chamado êxodo de oficiais, mas poucos tem atentado para um detalhe importante, a debandada de oficiais que já chegaram à postos considerados confortáveis, como a chamada estabilidade e garantia de que podem alcançar postos como de Capitão de Mar e Guerra e até Contra Almirante ou Almirante de Esquadra.
O salário de um capitão na Marinha do Brasil
Hoje um oficial recém ingresso na Marinha do Brasil recebe salário na casa dos 10 mil reais. Um capitão, que normalmente já tem mais de 8 anos de serviço ativo na força armada, realizou os cursos de especialização e tem habilitação para comandar uma embarcação de guerra de médio porte ou, se for médico, é um especialista capaz de suprir necessidades importantes na saúde militar.
A depender das funções e do local onde serve, um oficial com esse posto pode receber salários na casa dos 16 mil reais brutos. O salário líquido – o numerário que efetivamente é depositado na conta corrente do militar – normalmente é na casa dos 11 mil reais.
Nos últimos meses têm sido apresentadas várias propostas de alterações legislativas envolvendo direitos e condições da carreira dos militares das Forças Armadas. Recentemente, em 2019, o tempo de efetivo serviço foi aumentado de 30 para 35 anos, mas já existem outras propostas para estabelecer uma idade mínima para a transferência para a reserva remunerada.
Isso tudo conta muito para quem hoje está na ativa e já percebe pouca possibilidade de que existam alterações remuneratórias que coloquem a atividade militar em pé de igualdade com outros funcionários públicos do governo federal e governos estaduais.
A debandada de oficiais de média patente
Na Marinha do Brasil, nos últimos meses, além da já conhecida debandada ou evasão de oficiais de baixa patente, já percebe-se que oficiais intermediários, aqueles que já passaram por pelo menos 3 degraus na carreira, têm perdido também as perspectivas e solicitado demissão, a conhecida baixa. O comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Olsen, ainda não emitiu notas oficiais sobre a escalada nos pedidos de demissão de oficiais.
Dados registrados no Diário Oficial da União mostram que de setembro de 2024 a fevereiro de 2025 a Marinha recebeu pedido de demissão de pelo menos 12 Capitães Tenentes e 6 Capitães de Corveta, todos com especializações de interesse da força naval.
