EUA espionando o México? Drones MQ-9 Reaper monitoram cartéis e laboratórios de fentanil em um programa secreto da CIA

Um programa secreto dos EUA, ampliado sob o governo Trump, usa drones MQ-9 Reaper para rastrear laboratórios de fentanil no coração do território mexicano. Enquanto Washington pressiona por ações mais duras, a tensão entre os países cresce — e ataques transfronteiriços podem estar a caminho.
Esse esquema começou na gestão Biden, mas ganhou força no governo Trump, quando o então diretor da CIA, John Ratcliffe, prometeu ações mais duras contra os cartéis mexicanos. Segundo fontes do New York Times, os voos desses drones aumentaram muito nesse período.
Um drone MQ-9 Reaper da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) aguarda a próxima missão na fronteira EUA-México em 4 de novembro de 2022, em Fort Huachuca, Arizona. John Moore/Getty Images
Trump intensifica ações secretas sem envolvimento do México
Enquanto Biden coordenava as operações com autoridades mexicanas, Trump aparentemente não incluiu parceiros do México ao reportar os voos mais recentes ao Congresso, de acordo com informações da CNN. Esses drones sobrevoam áreas profundas do território mexicano, identificando laboratórios de fentanil a partir das substâncias químicas que liberam no ar. Depois de localizados, a CIA repassa os dados às autoridades mexicanas para que tomem providências.
Como os voos secretos afetam o México
Os drones MQ-9 Reaper já foram usados em operações militares contra terroristas no exterior, mas no México servem apenas para vigilância. Fontes do New York Times garantem que essas aeronaves não estão armadas nem autorizadas a realizar ataques, mas sua presença tem gerado desconforto dentro do governo mexicano.
Não é a primeira vez que os EUA usam drones no México. A Customs and Border Protection (CBP) já operou drones Predator B desarmados no espaço aéreo mexicano com autorização local. Um relatório do Government Accountability Office (GAO) revelou que, entre 2013 e 2016, 7% das horas de voo desses drones foram no México, somando 1.615 horas de missão.
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, afirmou que os voos fazem parte de um “diálogo e coordenação” entre os países. No entanto, o Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, declarou recentemente que “todas as opções estão na mesa”, sugerindo que ataques diretos contra cartéis podem ser cogitados.
A pressão dos EUA contra o fentanil
Donald Trump tem cobrado que o México faça mais para conter o tráfico de fentanil. Além dos voos secretos de drones, o Comando Norte dos EUA realizou mais de 24 missões de vigilância na fronteira, sem violar o espaço aéreo mexicano. Mesmo assim, autoridades americanas acreditam que o México demora a agir na destruição dos laboratórios, mesmo recebendo dados precisos sobre suas localizações.
Enquanto os EUA exigem respostas mais rápidas, a CIA continua monitorando e repassando informações sobre os laboratórios de fentanil. O futuro dessa cooperação ainda é incerto. Caso o México não atue com mais rapidez o governo Trump pode considerar alternativas mais agressivas para combater os cartéis.