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Por que os militares nunca saem de cena na política brasileira? Golpes, intervenções e influência; análise

por Rafael Cavacchini Publicado em 18/02/2025 — Atualizado em 14/02/2025
Por que os militares nunca saem de cena na política brasileira? Golpes, intervenções e influência; análise

Por que o Exército Brasileiro e as Forças Armadas parecem sempre querer se meter na política?

A resposta curta é: porque, no Brasil, as pessoas nem sempre confiam nas instituições, de um modo geral. A verdade é que o país nunca aprendeu a separar poder e instituições. Aqui, não importa se é o Banco Central, o STF ou o Congresso: tudo precisa servir ao grupo que está no comando no momento. O Exército não é diferente. É por isso que, ao longo da história, os militares sempre estiveram envolvidos na política nacional.

De acordo com comentários, analistas e entusiastas ouvidos pela Revista Sociedade Militar, muitas são as causas e as consequências.

Militares: “salvadores” ou apenas mais um grupo com seus próprios interesses na política nacional?

Historicamente, as Forças Armadas não são um bloco homogêneo de patriotas desinteressados. Há grupos com diferentes ambições dentro do Exército. Alguns querem de fato “salvar o país”; outros veem uma oportunidade de poder e influência.

No Brasil, no passado, golpes e intervenções militares na política seguem uma ordem. De acordo com analistas políticos, o padrão é o seguinte:

  1. A classe política destrói a confiança nas instituições, governando de forma caótica, sem respeitar regras.
  2. A sociedade perde a paciência e começa a clamar por “ordem“.
  3. Os militares, que já estavam esperando nos bastidores, entram em cena.

Um ciclo que nunca acaba

O problema não é só dos militares na política. O próprio país sempre deu espaço para que eles voltassem ao poder.

  1. Em 1889, derrubaram o Império porque a monarquia não atendia mais aos interesses dos coronéis e da elite militar.
  2. Em 1930, ajudaram a colocar Getúlio Vargas no poder.
  3. Em 1964, lideraram um golpe que levou a uma ditadura de 21 anos.
  4. Nos anos 2020, flertaram com a política novamente, ocupando cargos e pressionando o governo.

E por quê? Porque o Brasil nunca resolveu seu problema fundamental: a falta de instituições políticas e sociais fortes.

O povo brasileiro sempre aceitou isso?

A grande ironia é que o brasileiro, de tempos em tempos, apoia a volta dos militares ao poder e à política. Isso acontece porque a política civil sempre falha em entregar estabilidade. A corrupção, o caos econômico e a falta de segurança fazem parte do cotidiano. Então, quando a situação chega a um limite, aparece gente pedindo intervenção.

Os militares sabem disso. Por isso, nunca saíram completamente da política. Mesmo em governos civis, sempre tiveram influência—seja nos bastidores ou ocupando ministérios estratégicos.

A verdade incômoda é que o Exército brasileiro não precisa dar golpes porque o país sempre deixa a porta entreaberta para os militares voltarem para a política.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.