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Trump sugere que Ucrânia “pode ser russa algum dia”; Presidente dos EUA negocia minerais raros como pagamento pela ajuda americana

por Rafael Cavacchini Publicado em 11/02/2025
Trump sugere que Ucrânia “pode ser russa algum dia”; Presidente dos EUA negocia minerais raros como pagamento pela ajuda americana

“A Ucrânia pode ser russa algum dia”: Trump choca ao sugerir acordo de minerais com Kiev

Donald Trump, sempre imprevisível, chocou seus críticos ao sugerir que a Ucrânia “pode ser russa algum dia”. Ao mesmo tempo, o presidente americano negocia uma forma de compensação financeira pelos bilhões de dólares despejados no país em ajuda militar e econômica. A declaração foi feita em entrevista à Fox News na última segunda-feira.

O que Trump realmente quer?

Trump deixou claro que quer de volta o dinheiro que os EUA investiram na Ucrânia. A solução, de acordo com ele, seria minérios de terras raras.

“Vamos ter todo esse dinheiro lá, e eu digo que o quero de volta. E eu disse a eles que quero o equivalente, tipo US$ 500 bilhões em terras raras”, disse Trump. De acordo com o presidente americano, “eles basicamente concordaram em fazer isso, então pelo menos não nos sentimos estúpidos.”

Em outras palavras: a guerra pode continuar destruindo a Ucrânia, mas se os americanos puderem garantir um suprimento estratégico de metais essenciais para tecnologia e defesa, já é alguma coisa.

Ucrânia sob pressão

Diante da postura pragmática — para não dizer fria — de Trump, Kiev tenta encontrar um caminho que mantenha o apoio dos EUA sem ceder território. De acordo com Andriy Yermak, chefe de gabinete de Volodymyr Zelenskyy,a Ucrânia está “interessada em trabalhar” com os EUA no acordo. Mas o real temor é outro: se os EUA se descomprometerem militarmente, a Ucrânia pode acabar sozinha contra a Rússia.

Zelenskyy tem reunião marcada com o vice-presidente JD Vance nesta sexta-feira (14). A pauta será sobretudo a garantia de segurança. Sem apoio militar robusto ou principalmente uma adesão acelerada à OTAN, qualquer cessar-fogo pode apenas dar tempo ao Kremlin para se reorganizar e lançar novos ataques no futuro.

Para piorar a situação, Trump deu a entender no fim de semana que já conversou com Vladimir Putin sobre a guerra. O Kremlin, por outro lado, não confirma nada e continua deixando claro que qualquer acordo de paz será nos seus próprios termos.

Enquanto diplomatas debatem, o conflito segue brutal. Nesta terça-feira, a Rússia atacou instalações de produção de gás natural na região central de Poltava, na Ucrânia. Em retaliação, Kiev atingiu uma refinaria na região russa de Saratov, provocando incêndios.

E agora?

A grande questão é: se Trump realmente quer acabar com a guerra da Ucrânia rapidamente, como ele diz, será às custas de quem? Se ele decidir que os EUA devem parar de financiar os ucranianos, Zelenskyy poderá ter que escolher entre ceder terras à Rússia ou continuar uma guerra sem garantia de apoio externo.

E, pelo visto, para Trump, a Ucrânia pode acabar sendo russa um dia — desde que os americanos saiam da história com os bolsos cheios de metais raros.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.