Rússia recebe 148 mísseis balísticos KN-23 e reforço de tropas da Coreia do Norte

A Rússia recebeu 148 mísseis balísticos de curto alcance do tipo KN-23 da Coreia do Norte, segundo informações divulgadas pelo tenente-general Kyrylo Budanov, chefe da Inteligência de Defesa da Ucrânia, em entrevista exclusiva ao portal especializado The War Zone. Esses mísseis estão sendo usados para atacar o território ucraniano, lançados a partir das regiões de Kursk e Bryansk. A inteligência ucraniana alerta que Pyongyang deve enviar mais 150 mísseis desse modelo à Rússia ao longo de 2025, além de tropas de artilharia e outros equipamentos de guerra.
Ataques com mísseis e reforços militares
De acordo com Budanov, os mísseis norte-coreanos já vêm sendo utilizados contra alvos em Zaporizhzhia e Kharkiv desde o final de 2023. No entanto, ele destacou que, apesar da baixa precisão desses armamentos, eles ainda representam um perigo significativo devido à sua capacidade de destruição. “A precisão deles, em princípio, não é muito alta, mas isso não os torna menos perigosos”, disse o chefe de inteligência à publicação.
Além dos mísseis, Budanov confirmou que a Coreia do Norte enviará reforços de tropas para Kursk, na Rússia, compostos principalmente por unidades de mísseis e artilharia. Ele explicou que essas forças operarão sistemas como os canhões autopropulsados M1989 Koksan, de 170 mm, e os sistemas de lançamento múltiplo de foguetes (MLRS) M-1991, de 240 mm, além de continuarem a disparar mísseis KN-23.

Artilharia pesada: canhões e lançadores de foguetes
Segundo o The War Zone, a Coreia do Norte já forneceu cerca de 120 canhões M1989 Koksan e 120 MLRS M-1991 para a Rússia nos últimos meses. Os Koksans possuem um alcance impressionante, podendo atingir alvos a 37 milhas (cerca de 60 km) com munição assistida por foguetes. Já os MLRS de 240 mm, equipados com ogivas explosivas e químicas, são especialmente destrutivos na linha de frente.
“O M1989 tem munições poderosas e grande alcance, enquanto os MLRS de 240 mm causam mais problemas táticos nas zonas de combate”, destacou Budanov.
Tropas norte-coreanas na Rússia
Ainda segundo Budanov, aproximadamente 12 mil soldados norte-coreanos já foram enviados para a Rússia, concentrando-se na região de Kursk. Cerca de 4 mil baixas foram registradas, incluindo 1 mil mortes, segundo dados reportados pela BBC.
Essas tropas têm auxiliado em ataques conhecidos como “ondas de carne”, em que os soldados avançam em grande número, mas com pouco suporte de blindagem. Apesar de seu número expressivo, Budanov minimizou a eficácia desses reforços: “Eles são como robôs biológicos”.

Componente ocidental nos mísseis norte-coreanos
Uma descoberta que chamou a atenção dos analistas ucranianos foi o uso de componentes fabricados no Ocidente nos mísseis KN-23 recuperados. “Isso indica uma falha nas sanções internacionais, já que grande parte dessas peças vem de empresas nos Estados Unidos, Europa e Ásia”, destacou o chefe de inteligência à publicação.
Impactos e escalada no conflito
Os reforços norte-coreanos e o aumento do uso de mísseis balísticos de curto alcance complicam ainda mais o cenário para a Ucrânia. Além de aumentar os desafios na linha de frente, essas ações dificultam negociações de paz.
Enquanto isso, o presidente russo Vladimir Putin sinalizou não ter pressa em encerrar o conflito, insistindo em uma “paz de longo prazo” baseada nos interesses de todas as partes envolvidas, conforme noticiado pelo The Wall Street Journal.
O The War Zone também pontuou que o apoio militar da Coreia do Norte reforça a capacidade da Rússia de prolongar a guerra, ao mesmo tempo que intensifica as pressões sobre a Ucrânia em um conflito que já ultrapassa os limites de recursos e pessoal de ambos os lados.