Operação Catrimani II: o combate ao garimpo ilegal na terra Yanomami que nunca acaba

Primeiras ações de 2025 contra o avanço do garimpo ilegal na terra indígena Yanomami: mais um capítulo em um problema sem fim
Neste início de 2025, o Comando Conjunto Catrimani II iniciou sua operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY), no norte de Roraima. Sob coordenação da Casa de Governo e com participação das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), a ação se concentrou no garimpo de Couto Magalhães, um dos pontos mais críticos da região.
O objetivo era, como sempre, destruir infraestruturas ligadas à mineração ilegal que está devastando a terra dos Yanomamis. Helicópteros da FAB, como o H-60 Black Hawk, foram usados para transportar as tropas e permitir a desativação de motores, bombas d’água e outros materiais associados ao garimpo.
Nada de novo no Front
A operação Catrimani II faz parte de uma estratégia que já se repete com frequência, na tentativa de sufocar a logística do garimpo ilegal em terras Yanomami e minimizar seus danos ambientais. O problema é que, embora se façam essas ações, os garimpeiros continuam atuando na região, em uma disputa sem fim com o poder público.
Nada, contudo, realmente parece mudar. As autoridades falam em “neutralizar” as infraestruturas de mineração, mas o ciclo vicioso de destruição e reconstrução das atividades de garimpo segue firme. As autoridades também citam os “impactos negativos ao meio ambiente e à população Yanomami”, mas a verdade é que esse discurso nunca parece ser o suficiente para resolver o problema estrutural que envolve a região.
O que também não ajuda é a constante politização do tema. Cada operação parece ser mais um golpe de marketing para mostrar ação do que uma medida eficaz para resolver o cerne da questão. A Portaria GM-MD N° 5.831, de 20 de dezembro de 2024, que orienta a operação, é um reflexo disso. A portaria dar um caráter formal a uma questão que exige muito mais do que ações pontuais.
Como bem lembram os críticos, o garimpo ilegal não é apenas um problema de segurança pública. Trata-se, também, de uma questão de saúde pública e direitos humanos, principalmente quando falamos das populações indígenas. Por mais que a operação Catrimani II tenha como objetivo combater ilícitos transfronteiriços e crimes ambientais, é difícil não perceber que o Brasil está lidando com uma questão sistêmica. Assim, operações desse tipo acabam se tornando paliativos, quando, na verdade, o país precisa sobretudo de um plano de ação mais robusto e sustentável.
