El Salvador encerra 2024 como o país mais seguro do Hemisfério Ocidental: o impacto das Políticas de Bukele contra a violência
El Salvador, um país que já foi sinônimo de violência extrema, terminou 2024 com apenas 114 homicídios registrados. Trata-se de um marco que poucos acreditavam ser possível. O presidente Nayib Bukele comemorou o recorde em sua plataforma preferida, o X (antigo Twitter). De acordo com o presidente salvadorenho, “El Salvador é agora a nação mais segura do Hemisfério Ocidental”. Para quem viveu anos sob o domínio das violentas gangues MS-13 e Barrio 18, é difícil não enxergar isso como uma conquista monumental.
De país mais perigoso a exemplo de segurança pública
O número divulgado representa uma taxa de 1,9 homicídios por 100 mil habitantes. Isso coloca El Salvador abaixo de qualquer outro país latino-americano. Para contextualizar: em 2015, o país registrou 6.656 assassinatos, com uma taxa absurda de 103 homicídios por 100 mil habitantes. Na época, El Salvador tinha a mais alta taxa de assassinato e violência no mundo.
Esse avanço drástico foi possível graças a uma estratégia dura implementada sob o estado de exceção iniciado em março de 2022. O estado de exceção começou após um massacre orquestrado pelas gangues que matou 62 pessoas em um único dia. Desde então, mais de 83 mil pessoas foram presas, muitas sem o devido processo legal. Bukele afirmou que 8 mil inocentes já foram liberados, mas as críticas à abordagem repressiva persistem.
Estado de exceção: ferramenta de paz ou autoritarismo disfarçado?
O estado de exceção deu ao governo de Bukele poderes extraordinários, como a suspensão de direitos constitucionais e a ampliação da autoridade policial. Para muitos, essa foi a única maneira de combater gangues profundamente enraizadas na sociedade salvadorenha. Mas, para outros, foi uma manobra perigosa que fragilizou o estado de direito.
As organizações de direitos humanos apontam que pelo menos 354 detentos morreram sob custódia do governo desde o início das operações. Essas mortes ainda estão envoltas em mistério. De acordo com seus críticos, falta transparência e legalidade no sistema prisional no meio do esforço de repressão.
Mesmo assim, a população parece não se importar muito com as polêmicas. A sensação de segurança que finalmente chegou às ruas, antes dominadas pelo medo, fala mais alto. “Podemos andar pelos bairros sem medo”, relatam moradores que, por anos, viveram como reféns das gangues.
Um modelo para a região?
Os avanços de El Salvador inevitavelmente contra a violência geraram interesse de outros países latino-americanos. Como um pequeno país que já foi um dos mais violentos do mundo conseguiu reduzir drasticamente os homicídios em tão pouco tempo? A resposta está em medidas draconianas que muitos governos democráticos hesitam em adotar.
Porém, enquanto os números impressionam, o preço pago em direitos humanos e liberdades individuais ainda é um ponto de discórdia. Bukele argumenta que o estado de exceção ainda é necessário para erradicar totalmente as gangues, mas quanto mais tempo isso durar, mais difícil será justificar sua continuidade.
