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Índia declara guerra naval no Índico: Marinha se prepara para “Guerra de duas frentes e meia” contra China, Paquistão e Piratas

por Sérvulo Pimentel Publicado em 01/01/2025
Índia declara guerra naval no Índico: Marinha se prepara para “Guerra de duas frentes e meia” contra China, Paquistão e Piratas

Em meio a crescentes tensões na Ásia, a Marinha da Índia está se preparando para uma “guerra de duas frentes e meia”, conforme relatado pelo Eurasian Times, combinando esforços para enfrentar a China, o Paquistão e ameaças de pirataria. Com desafios crescentes de seus vizinhos e disputas no Oceano Índico, a estratégia indiana inclui avanços tecnológicos, construção naval acelerada e alianças militares mais robustas.

A Índia, tradicionalmente vista como uma potência terrestre, intensifica seus esforços para dominar os mares. A rivalidade com a China, que busca expandir sua influência na região, e a instabilidade com o Paquistão, somada à ameaça constante de pirataria, impulsionam essa corrida armamentista naval.

Uma Marinha pressionada pela modernização adversária

Segundo o Eurasian Times, o Paquistão, mesmo enfrentando graves problemas financeiros, continua a investir pesadamente em sua marinha, com forte apoio da China. A aquisição de submarinos modernos da classe Hangor, equipados com propulsão independente de ar (AIP), é um marco decisivo. Esses avanços devem elevar a frota submarina paquistanesa para 11 unidades até o início da próxima década, incluindo três submarinos da classe Khalid já atualizados.

Índia se arma para a guerra: a marinha indiana como escudo contra a China e o Paquistão. (Foto: Marinha da Índia)

Essa expansão não só desafiaria a superioridade tática da Índia, como também levantaria preocupações sobre uma possível integração de armas nucleares táticas nos submarinos paquistaneses, garantindo uma capacidade de segundo ataque. Além disso, a construção de navios de guerra em Karachi ganhou fôlego, permitindo ao Paquistão aumentar sua frota de superfície para 50 navios até 2030.

A resposta indiana: tecnologia e dissuasão

Para enfrentar o crescimento da marinha paquistanesa e as incursões chinesas no Oceano Índico, a Índia vem investindo em submarinos movidos a energia nuclear e “tecnologias disruptivas”. O governo indiano deu sinal verde para a construção de dois submarinos nucleares de ataque (SSN), considerados cruciais para equilibrar a potência naval chinesa.

Os submarinos SSN devem substituir, em prioridade, o projeto de construção de um porta-aviões de 65 mil toneladas. Essa decisão reflete a urgência em equipar a Marinha Indiana com embarcações capazes de enfrentar submarinos balísticos nucleares (SSBNs). Paralelamente, a Índia operacionalizou sua capacidade de dissuasão nuclear marítima com o lançamento do míssil balístico K-4 a partir do submarino INS Arighat, alcançando boa parte do continente chinês.

O papel da China na região

A presença chinesa no Oceano Índico é cada vez mais evidente. Ainda segundo o Eurasian Times, submarinos e navios chineses atracaram recentemente em portos no Sri Lanka e em Bangladesh, criando bases logísticas que ampliam o alcance da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLA). A China também concluiu a construção de um porto em Cox’s Bazar, em Bangladesh, e controla o porto de Hambantota, no Sri Lanka, consolidando sua influência estratégica.

Dia da Marinha. Créditos da imagem PIB. (Eurasian Times/Reprodução)

Essa presença não passa despercebida pela Índia. O almirante-chefe Dinesh K. Tripathi declarou que a Marinha Indiana monitora de perto as atividades chinesas na região, inclusive os movimentos de embarcações de pesquisa e rastreamento por satélite.

Avanços tecnológicos e operacionais

Em resposta às ameaças crescentes, a Marinha Indiana intensificou sua adoção de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, robótica e computação quântica. Essas iniciativas visam modernizar sua frota e aumentar sua capacidade de resposta em situações de crise.

A aquisição planejada de 26 caças Rafale M e negociações para três submarinos adicionais da classe Scorpene complementam os esforços de modernização. Além disso, a chegada de drones Predators MQ9 reforçará a vigilância da área de responsabilidade indiana, que se estende do Golfo de Áden ao Estreito de Malaca.

Operações como demonstração de poder

A Índia também busca consolidar seu papel como a principal potência naval do Oceano Índico. Em uma operação recente, comandos indianos foram lançados de paraquedas a 1.400 milhas náuticas da costa para resgatar um navio mercante sequestrado. A missão, que durou mais de 40 horas, foi uma clara demonstração de competência e prontidão.

Com tais iniciativas, a Marinha Indiana reafirma sua posição como o “primeiro a responder” na região, mesmo enfrentando desafios em várias frentes. Mas o equilíbrio de poder no Oceano Índico está longe de ser definido. A corrida naval entre a Índia, Paquistão e China promete intensificar as tensões geopolíticas na região.

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel