As Forças Armadas brasileiras alcançaram um marco inédito ao integrar sistemas estratégicos de Comunicação, Comando e Controle (C4I) em uma simulação de conflito realizada na Base Aérea de Canoas (BACO), no Rio Grande do Sul. A Operação Íris, conduzida nesta sexta-feira (20/12), conectou a Marinha do Brasil (MB), o Exército Brasileiro (EB) e a Força Aérea Brasileira (FAB) em uma operação conjunta e Defesa Nacional, promovendo o compartilhamento de dados e comunicação em tempo real entre plataformas aéreas, terrestres e navais.

O treinamento foi liderado pela FAB e faz parte do desenvolvimento final do sistema Link-BR2, uma solução moderna de comunicação segura que começará a equipar, a partir de 2025, a frota brasileira, iniciando pelos caças F-39 Gripen.

Liderança e coordenação

O Comandante da BACO, Tenente-Coronel Aviador Thiago Romanelli Rodrigues, recebeu o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, acompanhado de outros Oficiais-Generais do Alto-Comando da Aeronáutica, do General de Divisão Jayro Rocha Junior, Comandante da Sexta Divisão de Exército, e do Capitão de Mar e Guerra Guilherme Conti Padão, Chefe do Estado-Maior do 5º Distrito Naval. Também estiveram presentes o Presidente da AEL Sistemas, Gal Lazar, e outros representantes militares e civis da Defesa Nacional.

Durante a operação, foram testados sistemas como o Link-BR2, liderado pela FAB, o RDS Defesa e o Gerador de Campo de Batalha (GCB) do Exército, e o Multi Data Link Processor (MDLP) da Marinha. Uma estação multidomínio de Comando e Controle coordenou a transmissão de mensagens, ordens e comunicação de voz entre diferentes plataformas militares.

O Tenente-Brigadeiro Damasceno destacou a relevância do treinamento. “Hoje tem um significado muito importante por estarmos aqui, em Canoas, onde, neste ano, dedicamos grande parte de nossos esforços em apoio à sociedade gaúcha, com a atuação conjunta das nossas três Forças, na Operação Taquari.

Outro ponto essencial é a interoperabilidade. Estamos colocando em prática a integração das Forças Armadas em uma operação conjunta. O exercício de hoje reflete isso: aeronaves F-5 voando em conjunto com o helicóptero do exército, a aeronave E-99 compondo o cenário, o veículo Marruá na operação terrestre e o navio da Marinha contribuindo com o cenário naval, tudo interligado com os cenários aéreo e terrestre.”

Demonstração tecnológica em destaque

Durante o exercício, cenários fictícios foram simulados para testar a interoperabilidade das tecnologias. Helicópteros atacaram e recuperaram pontes ocupadas, caças interceptaram aeronaves invasoras, e blindados do Exército receberam imagens ao vivo de binóculos termais, identificando tropas inimigas. O Comando Conjunto monitorou todas as ações em tempo real, enviando ordens de neutralização diretamente às forças operacionais.

No clímax da simulação, uma aeronave E-99M detectou a decolagem de um helicóptero inimigo, o que levou à sua interceptação por um caça A-29 da FAB. Esses testes comprovam a eficiência dos sistemas e reforçam a capacidade de resposta integrada das Forças Armadas em cenários complexos.

O Link-BR2, desenvolvido pela AEL Sistemas em parceria com a Kryptus e a Aeromot, é um sistema nacional de C4I projetado para operar em ambientes de alta complexidade. Ele garante comunicação segura e criptografada, suportando voz e dados mesmo em condições adversas. Esse sistema será integrado às aeronaves F-39 Gripen e E-99 da FAB, sendo crucial para missões como monitoramento de fronteiras e combate ao tráfico.

Segundo Fernando Mauro, Gerente Operacional do Link-BR2 na AEL Sistemas, “O projeto Link-BR2 foi concebido pela Força Aérea como um projeto estratégico de comunicação, comando e controle. Ele tem como objetivo dotar a FAB de um sistema que permita uma troca de dados eficaz e em tempo real entre diversas plataformas, consolidando o entendimento do cenário operacional e garantindo resultados mais efetivos.”

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Avanços das Forças Armadas para a defesa nacional e projeções futuras

Gal Lazar, Presidente da AEL Sistemas, destacou o progresso alcançado. “Ver todas as Forças operando juntas em um mesmo cenário mostra o avanço das nossas capacidades de comunicação e comando, além da sinergia em cenários que refletem os desafios dos campos de batalha modernos.”

As tecnologias testadas neste exercício prometem ampliar a eficiência operacional em missões reais, como resgates em áreas remotas, patrulhamento marítimo e defesa de fronteiras. Com os resultados obtidos, o Brasil consolida sua posição como líder regional em soluções integradas de C4I, fortalecendo sua soberania e capacidade de dissuasão.

O Tenente-Brigadeiro Maurício Augusto Silveira de Medeiros, Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), ressaltou: “Com o Link-BR2, conseguimos elevar as capacidades de comando e controle das três Forças a um patamar superior, alinhado às exigências de um cenário de conflito moderno. Essa conquista representa um marco para a indústria nacional e para a defesa do Brasil.”