Elvis Presley no Exército: uma história de dever, perda e excessos; do quartel para o palco, como a vida na caserna mudou o curso da vida do Rei do Rock

Elvis Presley, o Rei do Rock, já foi também sargento do Exército dos Estados Unidos. Parece surreal imaginar um dos maiores ícones da música cortando o cabelo em um barbeiro militar e dirigindo caminhões, mas essa fase aconteceu. E não apenas isso: também deixou marcas profundas, tanto em sua vida pessoal quanto em sua carreira.
Convocado, não voluntário: Elvis responde ao chamado
Ao contrário do que muitos podem pensar, Elvis não se alistou voluntariamente no Exército. O Rei foi convocado em 1957, no auge de sua fama. E, ao invés de usar sua influência para escapar da obrigação – uma prática comum entre os ricos e famosos da época – Elvis Presley aceitou seu chamado. Foi direto para o treinamento, recusando propostas tentadoras das forças armadas que queriam transformá-lo em uma espécie de garoto-propaganda. A Marinha chegou a sugerir a criação de uma “Companhia Elvis Presley”, composta sobretudo por amigos do cantor. Além disso, o Exército ofereceu que ele apenas entretivesse as tropas. Elvis, no entanto, decidiu servir como um soldado comum.
Essa escolha foi recebida com ceticismo. Muitos achavam que Elvis não suportaria a rotina militar ou que sua presença atrapalharia mais do que ajudaria. O próprio cantor mesmo reconheceu as dúvidas que o cercavam. De acordo com ele, “as pessoas esperavam que eu desse trabalho ou fizesse besteira… Estava determinado a provar o contrário, não apenas para elas, mas para mim mesmo.”
O preço da fama de Elvis no Exército
Elvis começou sua jornada militar em Fort Chaffee, Arkansas, onde um evento aparentemente trivial já causou alvoroço: o corte de seu icônico cabelo. A mídia chamou o dia de “Segunda-feira negra”. Posteriormente, fãs lamentaram a perda do topete que havia conquistado corações pelo mundo.

Quando foi transferido para uma divisão blindada em Frankfurt, Alemanha, Elvis trabalhou como motorista de caminhão do Exército. Ironicamente, voltou ao início de sua vida profissional, já que anteriormente a fama o rei trabalhou como caminhoneiro. Mas sua rotina estava longe de ser comum: fãs o seguiam constantemente, a correspondência aumentou a níveis absurdos e garotas alemãs chegavam a escalar cercas para vê-lo.
A solução foi colocá-lo sob a supervisão de um sargento linha-dura, Ira Jones, conhecido principalmente por sua capacidade de controlar situações difíceis. Foi uma tentativa de proteger Elvis do caos gerado por sua presença.
Perdas pessoais e o início de um ciclo destrutivo
Enquanto Elvis estava na Alemanha, sua mãe, Gladys Presley, faleceu repentinamente de um ataque cardíaco. O rei então voltou aos Estados Unidos para o funeral. Posteriormente, descreveu essa perda como “a maior tragédia de sua vida”. Foi um golpe que, de acordo com pessoas próximas, Elvis nunca superou completamente.

Ao retornar à Alemanha, sua vida ganhou um tom de excessos. Promovido a sargento, Presley também começou a frequentar festas e a explorar a Europa em aventuras pouco moderadas. Foi nesse período que o Rei foi apresentado às anfetaminas por um colega militar. Elvis logo as incorporou à sua rotina diária, acreditando que as pílulas eram seguras e o ajudavam a enfrentar a exaustiva vida no Exército. Essa relação com drogas marcaria tragicamente o restante de sua vida.
O impacto na carreira e as perguntas que ficam
Elvis retornou aos Estados Unidos em 1960 e retomou sua carreira com sucessos como “Are You Lonesome Tonight?” e “Suspicious Minds”. No entanto, o cenário musical mudou drasticamente. Uma nova geração de bandas de rock emergia. Assim, o tempo que o Rei passou longe do público acabou deixando uma lacuna difícil de preencher.
É impossível prever como teria sido a trajetória de Elvis sem o hiato em que permaneceu no Exército. Sua mãe ainda teria falecido, e Elvis talvez tivesse encontrado as drogas de outra forma. Mas a experiência no Exército certamente moldou o homem que se tornou – para o bem e para o mal.