Em audiência disciplinar, cabo fuzileiro naval denuncia comandante por parcialidade e invasão de domicílio: “Quais provas queriam destruir ao invadir minha casa?”

Em uma audiência marcada por embates e acusações graves, o Cabo dos Fuzileiros Navais Tiago Silva dos Santos denunciou o comandante responsável pelo caso de ser, ao mesmo tempo, vítima e juiz no processo, em matéria divulgada aqui na Revista Sociedade Militar.
Um trecho publicado nesta quinta-feira (5) mostra, durante sessão realizada sob tensão crescente, o militar questionando a imparcialidade do julgamento e revelando um episódio polêmico: sua casa foi invadida por um suboficial.
Segundo Tiago, a invasão teria como objetivo destruir provas contra o comandante. “Quais provas queriam destruir ao invadir minha casa?”, questionou o cabo, que pediu a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) contra um suboficial, porém sem resposta do superior.
O início do conflito
O caso ganhou destaque após Tiago publicar, em seu canal no YouTube, vídeos que mostram irregularidades do comandante, incluindo o uso indevido de instalações e serviços do batalhão para fins pessoais, como uso de estacionamento, limpeza e reparos em veículo particular. Pouco depois das denúncias, o cabo passou a responder a uma série de acusações, incluindo “descumprimento de ordem”.
Em dado momento da audiência, publicada pela Revista Sociedade Militar no dia 3 de dezembro, Tiago argumentou que a condução do processo era parcial e questionou a imparcialidade do oficial:
“O senhor está em suspeição. Você não pode conduzir, não pode me julgar.”
A audiência, que deveria tratar da suposta infração, virou palco de discussões acaloradas. O cabo argumenta que as acusações são retaliações por ter exposto o comportamento do superior. “Por que está aparecendo várias partes de ocorrências depois que eu flagrei o carro do senhor comandante na garagem?”, indagou Tiago.
Denúncia de invasão domiciliar
Um dos momentos mais impactantes da audiência foi o relato de Tiago sobre a invasão de sua residência, em trecho publicado nesta quinta-feira. Segundo o militar, o suboficial Alex entrou em sua casa durante suas férias, alegando que precisava entregar uma intimação. Para Tiago, o ato é suspeito e pode ter sido motivado pela tentativa de suprimir provas.
Apesar da gravidade da denúncia, o comandante não demonstrou disposição em atender ao pedido de abertura de um IPM. Durante o diálogo, Tiago insistiu:
“Eu gostaria de saber o que ele foi fazer na minha casa e a mando de quem”.
Clima de confronto
A audiência foi marcada por constantes interrupções e debates tensos. Quando Tiago tentou ler a ordem que, segundo ele, estaria sendo distorcida, foi impedido pelo comandante. A transcrição do diálogo revela a falta de respostas claras às solicitações do cabo, reforçando a sensação de arbitrariedade no processo.
Nas redes sociais, o caso repercutiu amplamente. Internautas elogiaram a postura de Tiago e criticaram a conduta do comandante. “Parabéns, guerreiro! Se comportou muito bem frente a esse covarde comandante!”, comentou um seguidor.
Repercussão e próximos passos
A denúncia de Tiago, publicada inicialmente pela Revista Sociedade Militar, coloca em xeque a transparência e a ética nas Forças Armadas. No canal do cabo, vídeos semanais trazem novos trechos da audiência, mantendo o caso sob os holofotes. Enquanto isso, a Marinha ainda não se manifestou publicamente sobre as acusações.