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Tortura sexual de homens ucranianos: a realidade brutal em centros de detenção russos; o uso sistemático de estupros como arma de guerra

por Rafael Cavacchini Publicado em 02/12/2024 — Atualizado em 01/12/2024
Tortura sexual de homens ucranianos: a realidade brutal em centros de detenção russos; o uso sistemático de estupros como arma de guerra

Russos estão usando de métodos como tortura sexual e estupro como arma de guerra. Casos são subnotificados por medo, vergonha e estigmas.

De acordo com relatórios da ONU, casos de tortura sexual ainda não recebem reconhecimento suficiente da comunidade internacional. 

O silêncio que esconde o horror

Imagine carregar um fardo que ninguém quer ouvir. Homens ucranianos detidos por forças russas estão enfrentando algo além da violência física. São inúmeros casos de estupros e torturas sexuais sistemáticos, usados sobretudo como método de humilhação e controle. A ONU alerta que esses crimes, já subnotificados, escondem números ainda mais alarmantes, enterrados sob camadas de estigma e vergonha.

Oficialmente, são 114 casos relatados desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Extraoficialmente? Esses números podem ser dez, vinte vezes maiores.

Uma guerra que atinge até a alma

Não é só o corpo que sofre. A tortura sexual de homens destroi principalmente a dignidade, esmaga a psique e transforma a própria identidade em arma contra si mesmo. De acordo com relatórios da ONU, há centenas de testemunhos de prisioneiros ucranianos que passaram por espancamentos e estupros. Além disso, os russos estariam filmando suas vítimas para humilhar suas famílias. Em alguns casos, esses vídeos são enviados diretamente aos parentes, ampliando o trauma de forma cruel e calculada.

Relatórios da ONU sobre tortura sexual na Ucrânia por militares russos causam revolta.
Quando a humanidade é a primeira vítima: relatórios da ONU sobre tortura sexual na Ucrânia por militares russos causam revolta. Foto: Reprodução

“É uma violência que ataca as fundações do ser humano”, afirma Massimo Diana, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) na Ucrânia. Para os sobreviventes, buscar ajuda é um desafio hercúleo, agravado pelo medo de julgamentos e rotulagens.

Tortura sexual como arma de guerra

A violência sexual contra homens não é nova, mas sua sistematização em conflitos modernos é alarmante. De acordo com apurações da ONU, oficiais russos não apenas toleram essa prática, mas muitas vezes a ordenam pessoalmente como parte de uma estratégia de guerra psicológica. Centros de detenção em áreas ocupadas se tornaram verdadeiros epicentros de crueldade, onde o estupro é usado sobretudo como arma para desumanizar e quebrar o inimigo.

Sobreviventes homens enfrentam barreiras que vão além da falta de recursos ou apoio psicológico. O estigma associado à violência sexual masculina cria uma barreira quase intransponível, onde buscar ajuda significa reviver o trauma e enfrentar o julgamento da sociedade.

De acordo com Diana, “essas vítimas já enfrentaram o inferno; muitas vezes, o que encontram fora é só mais dor”.

Enquanto a guerra na Ucrânia prossegue, o silêncio global sobre esse tipo de violência só perpetua a impunidade e amplia o sofrimento. Quando vamos parar de ignorar as histórias que importam?


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.