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Segundo estudo da UERJ, uso do Exército não reduz homicídios; UPPs seriam mais eficazes que a militarização

por Sérvulo Pimentel Publicado em 09/10/2024
Segundo estudo da UERJ, uso do Exército não reduz homicídios; UPPs seriam mais eficazes que a militarização

Um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) vai de encontro a ideia de que o Exército é a solução para o problema da violência no Brasil. De acordo com a pesquisa, a atuação das Forças Armadas em funções de polícia, como ocorre em países como Colômbia e México, não é eficaz na redução de homicídios.

A pesquisa, que analisou diversas iniciativas para combater a violência na América Latina, aponta que medidas como a investigação de crimes, a aprovação de leis como a Maria da Penha e o policiamento de proximidade, como as UPPs, são mais promissoras. A informação é da Folha de São Paulo.

UPPs e o legado de Ignacio Cano

Um dos principais nomes por trás da pesquisa, o professor Ignacio Cano, é um dos idealizadores do projeto das UPPs no Rio de Janeiro, política que ele analisa em seu livro Os Donos do Morro. Segundo Cano, as UPPs, ao aproximarem a polícia das comunidades, ajudaram a reduzir homicídios em áreas violentas, embora ele mesmo reconheça que essa experiência não pode ser replicada de forma automática em outros lugares. No entanto, para ele, a pesquisa mostra que a política de levar policiais para áreas dominadas pelo crime (UPPs) é mais eficaz do que a militarização.

O caso de El Salvador e a polêmica

O estudo não menciona o caso de sucesso de El Salvador, onde o presidente Nayib Bukele adotou uma política de “tolerância zero” contra o crime, com foco na repressão aos grupos criminosos, conhecidos como “maras”. A estratégia, que inclui o uso do Exército em apoio à polícia na segurança pública e no combate ao crime organizado, reduziu drasticamente os homicídios dolosos, de 38 por 100 mil habitantes em 2019 para 7,8 em 2022, um número bem abaixo da média da América Latina, de 16,4. 

Sérvulo Pimentel

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