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Quase 40.000 pessoas morreram sozinhas em suas casas no Japão este ano, revela relatório da polícia

por Rafael Cavacchini Publicado em 10/09/2024
Quase 40.000 pessoas morreram sozinhas em suas casas no Japão este ano, revela relatório da polícia

O Japão está enfrentando uma crise silenciosa, mas devastadora. Durante o primeiro semestre de 2024, quase 40.000 pessoas morreram sozinhas em suas casas, conforme apontado por um relatório recente da Agência Nacional de Polícia.

O dado mais chocante revela que aproximadamente 4.000 dessas vítimas foram encontradas mais de um mês após sua morte. Outros 130 corpos passaram despercebidos por mais de um ano antes de serem descobertos.

Esse fenômeno, conhecido como “Kodokushi” ou “morte solitária“, afeta principalmente a população idosa do Japão, que atualmente é a mais velha do mundo, segundo a ONU. A Agência Nacional de Polícia espera que esses números alarmantes tragam mais visibilidade para o crescente problema social que o país enfrenta, onde muitos idosos vivem e morrem sem assistência.

Idosos representam mais de 70% dos casos

De acordo com o relatório, das 37.227 pessoas que morreram sozinhas no primeiro semestre de 2024, mais de 70% tinham 65 anos ou mais. O maior grupo de mortos solitários, com 7.498 pessoas, era composto por indivíduos com 85 anos ou mais, seguido por 5.920 mortes entre pessoas de 75 a 79 anos e 5.635 entre 70 e 74 anos.

O relatório também revela que, apesar de 40% das pessoas terem sido encontradas no prazo de um dia após a morte, quase 4.000 corpos só foram descobertos mais de um mês depois. Este é um reflexo doloroso de como o isolamento social está profundamente enraizado no Japão. Por lá, muitos idosos passam despercebidos pela comunidade e até mesmo por suas famílias.

Impacto do envelhecimento populacional preocupa autoridades

O Japão, famoso por sua longevidade, agora enfrenta os desafios de uma população cada vez mais envelhecida e isolada. Estima-se que o número de idosos vivendo sozinhos chegará a 10,8 milhões até 2050, com o total de domicílios unipessoais atingindo 23,3 milhões no mesmo período. Esse cenário já preocupa o governo japonês, que busca maneiras de combater essa realidade sobretudo alarmante.

Em abril de 2024, o governo apresentou um projeto de lei destinado a enfrentar o problema do isolamento, que assola o país há décadas. As causas desse isolamento, em grande parte, são o rápido envelhecimento populacional e a falta de uma rede de apoio social forte.

Declínio populacional desafia o futuro do Japão

A crise demográfica no Japão não se resume apenas ao envelhecimento. O país também enfrenta um declínio acentuado na taxa de natalidade. De acordo com o primeiro-ministro Fumio Kishida, o Japão está à beira de não conseguir funcionar como uma sociedade se a taxa de nascimentos continuar caindo.

Esse desafio demográfico não é exclusivo do Japão. Países vizinhos, como a China e a Coreia do Sul, também enfrentam problemas semelhantes. Em 2022, a China registrou uma queda populacional pela primeira vez desde 1961. Ao mesmo tempo, a Coreia do Sul continua reportando a menor taxa de fertilidade do mundo.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.