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Concedida 2ª licença de construção do primeiro Submarino Nuclear Convencionalmente Armado do Brasil: País tem vantagem única junto com China e Rússia

por Campos Publicado em 05/09/2024
Concedida 2ª licença de construção do primeiro Submarino Nuclear Convencionalmente Armado do Brasil: País tem vantagem única junto com China e Rússia

O secretário naval de segurança nuclear e qualidade, Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, concedeu a 2ª licença necessária para a construção do SNCA (Submarino Nuclear Convencionalmente Armado) Álvaro Alberto.

A licença foi concedida no dia 28 de agosto e oficializada nesta quinta-feira, 5 de setembro, por meio de publicação de portaria no Diário Oficial da União (DOU).

Na portaria, o Almirante de Esquadra argumenta que foram demonstrados todos os documentos necessários que atestam o atendimento das exigências, incluindo o relatório preliminar de análise de segurança, e que todo o comitê técnico assessor da referida Secretaria se manifestou favoravelmente à 2ª licença em reunião realizada no dia 9 de agosto.

O documento também deixa claro que a abrangência da autorização se limita ao escopo declarado em nota técnica e que a licença pode ser suspensa se as exigências não continuarem sendo atendidas.

Mesmo com o recente corte de verbas, que inevitavelmente deve afetar o Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha), a Força Naval prevê o lançamento ao mar do Álvaro Alberto em 2029 e o início das operações em 2033. 

No dia 12 de junho foi alcançado um marco importante na construção da embarcação: o primeiro corte de chapa do casco residente, considerado fundamental para a construção das cavernas de uma das seções do equipamento.

Alexandre Rabello de Faria, diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, já deixou claro em audiência pública do congresso que o Brasil é um ator importantíssimo no tema de energia nuclear, uma vez que, além de ter reservas de urânio, também tem conhecimento, tecnologia para processá-lo e transformá-lo em combustível.

“Só três países têm essas vantagens: a China, a Rússia e o Brasil”.

Essa capacidade brasileira inclusive passou a ser alvo de especulações estrangeiras. 

Recentemente, um artigo publicado pela Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, insinua que o verdadeiro objetivo do projeto brasileiro pode ser o desenvolvimento de armas nucleares.

O artigo aponta que o início da construção, marcado pelo corte de chapa realizado pela Marinha do Brasil, passou despercebido pela comunidade internacional e compara os esforços do Brasil aos da Austrália em um projeto similar, insinuando que o país verde e amarelo pode ter intenções além do uso civil da energia nuclear.

“O custo considerável de construir o Álvaro Alberto parece injustificado. Isso pode indicar um motivo oculto que reflete as persistentes ambições da política externa do Brasil e a natureza de seus assuntos cívico-militares”.

O artigo também pontua que “a capacidade única do Brasil de fazer isso por meio de um ciclo de combustível nativo efetivamente tornou o processo irreversível e forçou mudanças nas salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica que buscam impedir a proliferação de armas de destruição em massa”.

“Embora a probabilidade de um programa brasileiro de armas nucleares e a proliferação adicional de submarinos com propulsão nuclear caros seja remota, há pouca margem para erro nessas águas desconhecidas. A política e os líderes mudam. O Brasil parece estar contando com seu novo submarino para elevar seu status global sem tomar decisões difíceis de política externa ou construir um caso estratégico militar convincente”.

Campos

Campos

Bacharel em Jornalismo com experiência na cobertura política, econômica e militar.