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Comício de Boulos com Lula tem Hino Nacional com “linguagem neutra”; Deputado federal denuncia Boulos à PGR para investigar a conduta do candidato do PSOL por crime contra símbolos nacionais

por Rafael Cavacchini Publicado em 28/08/2024
Comício de Boulos com Lula tem Hino Nacional com “linguagem neutra”; Deputado federal denuncia Boulos à PGR para investigar a conduta do candidato do PSOL por crime contra símbolos nacionais

No dia 24 de agosto de 2024, durante um comício, o candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Psol, Guilherme Boulos, virou centro de uma nova polêmica. A controvérsia surgiu quando uma intérprete, presente no evento, cantou o Hino Nacional em “linguagem neutra”.

Ao lado de Boulos estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que amplificou ainda mais a repercussão do episódio. O trecho tradicional “dos filhos deste solo” foi alterado para “des filhes deste solo”, levando a uma série de reações acaloradas, sobretudo no X, antigo Twitter.

Reações nas redes sociais e a legalidade da adaptação do Hino

A alteração do Hino Nacional repercutiu rapidamente nas redes sociais, com muitos usuários expressando indignação. Além disso, os internautas questionaram a legalidade da modificação. Comentários como “Hino nacional em linguagem neutra não é crime?” e “O que esse país está se tornando?” ecoaram por toda internet.

A questão central girou em torno da interpretação da Lei nº 5.700, que regulamenta o uso dos símbolos nacionais. De acordo com essa lei, “em qualquer hipótese, o Hino Nacional deverá ser executado integralmente e todos os presentes devem tomar atitude de respeito”. O descumprimento desta norma é uma contravenção que pode resultar em multas.

Hino Nacional em linguagem neutra: a polêmica envolvendo Guilherme Boulos e Lula. Foto: Reprodução / Instagram

O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) utilizou essa base legal para protocolar uma notícia-crime na Procuradoria-Geral da República, visando investigar a conduta de Boulos e de sua campanha. Bilynskyj classificou a atitude como “lamentável” e argumentou que “é importante destacar que a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional são símbolos da República Federativa do Brasil e, portanto, devem ser resguardados e respeitados”. A presença de Lula ao lado de Boulos durante a execução do hino em linguagem neutra adicionou uma camada extra de complexidade ao debate, uma vez que reflete a aliança política entre o PT e o Psol.

Controvérsias anteriores envolvendo a linguagem neutra

O uso da linguagem neutra não é uma novidade na esfera política brasileira e já foi motivo de outras controvérsias. Em janeiro deste ano, por exemplo, o Ministério da Saúde lançou uma campanha que evitou o uso das palavras “mulher” e “mãe”, optando por termos como “o corpo de quem pariu” ou “pessoa que pariu”. Essa abordagem gerou críticas sobre o alinhamento do governo sobretudo com ideologias progressistas. Além disso, levantou questões sobre a impessoalidade e neutralidade da administração pública.

Essas decisões têm gerado debates acalorados sobre o princípio da impessoalidade na administração pública, previsto no Artigo 37 da Constituição Federal. Críticos argumentam que o uso da linguagem neutra em documentos e campanhas governamentais pode comprometer princípios como a legalidade e a moralidade.

A controvérsia em torno do Hino Nacional, portanto, não é um caso isolado, mas parte de um debate mais amplo sobre identidade e inclusão na sociedade brasileira.

A resposta dos adversários políticos

As críticas ao uso da linguagem neutra no comício de Boulos não vieram apenas do público, mas também de seus adversários políticos. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também expressou sua indignação. De acordo com Nikolas, “essa modificação não é apenas uma mudança de palavras – trata-se de um desrespeito aos símbolos nacionais, à nossa cultura e à nossa língua”. Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, também reagiu nas redes sociais, classificando a situação como “insanidade mental”.

Deputado Nikolas Ferreira se manifesta nas redes sociais sobre o uso de linguagem neutra durante execução do Hino Nacional. Foto: Reprodução / X

Durante o comício, Boulos também fez questão de criticar diretamente seus adversários políticos, como o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Além disso, Boulos também teceu críticas ao candidato Pablo Marçal (PRTB). Boulos classificou Nunes como “incompetente” e chamou Marçal de “bandido”. Além disso, Boulos associou ambos os oponentes ao “bolsonarismo”, que descreveu como o “pior da política brasileira”.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.