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Brasil revela planos de aderir à Iniciativa do Cinturão e Rota da China após anos de rejeição

por Rafael Cavacchini Publicado em 24/07/2024
Brasil revela planos de aderir à Iniciativa do Cinturão e Rota da China após anos de rejeição

Após anos de relutância, o Brasil finalmente anunciou seu plano de se unir à ambiciosa Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) da China. Trata-se sobretudo de uma mudança significativa na política externa do país que promete reverberar no cenário global.

Esta decisão, que vem após uma série de negociações e reavaliações, marca uma nova fase nas relações entre Brasília e Pequim.

Historicamente, o Brasil sempre manteve uma postura cautelosa em relação à BRI. A BRI é uma vasta rede de projetos de infraestrutura que visa conectar principalmente a Ásia, Europa e África através de uma série de corredores comerciais terrestres e marítimos.

No entanto, recentes desenvolvimentos econômicos e geopolíticos catalisaram uma reconsideração desta postura. A adesão à BRI sinaliza o reconhecimento por parte do Brasil sobretudo das vantagens estratégicas e econômicas oferecidas pela integração a esta rede global.

Impacto econômico e potenciais benefícios

Em junho, José Guimarães, líder do partido governista no parlamento brasileiro, insinuou no X (antigo Twitter) que o vice-presidente Geraldo Alckmin estava prestes a “finalizar” a admissão do Brasil à iniciativa durante uma visita a Pequim. Entretanto, Alckmin, que presidiu uma cúpula da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível para Consulta e Cooperação ao lado do vice-presidente chinês Han Zheng, posteriormente negou essas reportagens, afirmando que o tópico estaria “na pauta de discussão”, sem confirmação de uma adesão iminente.

A inclusão do Brasil na BRI pode trazer benefícios substanciais, incluindo investimentos significativos principalmente em infraestrutura. Além disso, espera-se um fortalecimento das relações comerciais com a China, atualmente, o maior parceiro comercial do Brasil. Espera-se que projetos relacionados à BRI no Brasil abranjam uma ampla gama de áreas, desde ferrovias e portos até energia renovável e tecnologia, impulsionando o crescimento econômico e criando novas oportunidades de emprego.

Reações internacionais

Lula confirmou sua participação na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que acontecerá em novembro no Peru. A reunião contará também com a presença do líder chinês Xi Jinping, que participará da inauguração do novo porto de Chancay, um empreendimento financiado pela mesma iniciativa. O novo porto deve impulsionar o comércio entre a China e a América do Sul.

Em uma declaração na última quinta-feira, Lula destacou a importância do evento: “Esta é a primeira vez que o Brasil é convidado para a cúpula da Apec. Apesar da minha agenda lotada, decidi que irei, pois o Brasil busca se integrar ao ‘mundo da China'”. O presidente brasileiro enfatizou a necessidade de explorar novas oportunidades comerciais no Pacífico.

A decisão do Brasil de se unir à BRI não passou despercebida no cenário internacional. Países ocidentais, particularmente os Estados Unidos, que têm expressado preocupações sobre a influência crescente da China na América Latina, estão monitorando de perto este desenvolvimento. Internamente, o Brasil também enfrenta desafios, como garantir que os projetos de infraestrutura sejam sustentáveis e benéficos a longo prazo para a população local.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.