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Uma “afronta inadmissível”: Instituto Vladimir Herzog repudia a militarização da escola que leva o nome do jornalista morto no governo militar

por JB Reis Publicado em 20/07/2024
Uma “afronta inadmissível”: Instituto Vladimir Herzog repudia  a militarização da escola que leva o nome do jornalista morto no governo militar

Em seu site, o Instituto Vladimir Herzog (IVH) é definido como uma organização da sociedade civil criada em junho de 2009 para celebrar a vida e o legado de Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar que dominou o Brasil entre 1964 e 1985.

A instituição tem como missão trabalhar com a sociedade pela defesa dos valores da Democracia, dos Direitos Humanos e da Liberdade de Expressão.

O Instituto Vladimir Herzog soltou uma nota nesta semana demonstrando novamente profunda preocupação com o avanço do projeto de lei das escolas cívico-militares na rede pública do Estado de São Paulo.

Na quinta-feira (18), conforme noticiamos ontem na Revista Sociedade Militar, a Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP) divulgou um edital para a abertura de uma consulta pública para saber a opinião da comunidade escolar sobre a implementação do novo modelo de ensino.

Tendo a Seduc listado as escolas estaduais passíveis de participar do processo de escuta, despertou a atenção, e conforme a nota do IVH, também “indignaçãoa presença da Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog, localizada em São Bernardo do Campo, na lista das unidades de ensino interessadas em atuar no modelo das escolas cívico-militares.


Projeto das escolas cívico-militares é “de cunho autoritário e abominável, além de desrespeitar e ferir a história”

Segundo o IVH, “a mera cogitação de que seja militarizada uma escola que leva o nome de Vladimir Herzog“, é uma afronta inadmissível.

Herzog foi um jornalista brutalmente assassinado por agentes da ditadura civil militar instaurada em 1964.

O Instituto afirma que o projeto das ECM é “de cunho autoritário e abominável“, além de desrespeitar e ferir a história, “o legado e os valores democráticos defendidos por Vlado em vida”.

Declarando-se como “organização da sociedade civil que, há mais de uma década, atua com Educação em Direitos Humanos“, o IVH diz na nota reiterar a posição de que “esse projeto não possui respaldo pedagógico e desconsidera a pluralidade e a liberdade de ensino, princípios fundamentais para a formação cidadã dos jovens.”

Afirma ainda que as escolas cívico-militares são “um retrocesso e um obstáculo à educação pública inclusiva e de qualidade.”


Militares, que no passado perpetraram um golpe de estado e implementaram a censura no país, não devem ter lugar em nossas escolas 

A publicação prossegue dizendo que o Instituto Vladimir Herzog, “organização comprometida com os valores democráticos e que há 15 anos preserva o legado de vida de Vlado“, não poupará esforços para impedir que esse projeto seja implementado na escola em questão.”

“Esse projeto de poder, que busca promover o apagamento da nossa história de violência, não prosperará enquanto verdade. Militares, que no passado perpetraram um golpe de estado e implementaram a censura no país, não devem ter lugar em nossas escolas.”

A nota termina fazendo um convite “a toda a comunidade escolar, entidades educacionais, organizações de direitos humanos e todos os cidadãos comprometidos com a democracia” para que se manifestarem contra a militarização das escolas públicas

JB Reis

JB Reis

Militar da reserva, articulista da Revista Sociedade Militar. https://linktr.ee/veteranistao