Nesta semana, a movimentação de uma frota naval russa em direção a Cuba tem atraído a atenção e vigilância de forças navais e aéreas dos Estados Unidos e Canadá. De acordo com dados de rastreamento marítimo e aéreo de fontes abertas, navios e aeronaves dos EUA e Canadá estão acompanhando de perto os navios russos enquanto eles passam pela costa leste da Flórida.

Analistas de inteligência de fontes abertas (OSINT) relataram na terça-feira que o navio da guarda costeira CG Stone, os destróieres USS Truxtun e USS Donald Cook, e a fragata canadense HMCS Ville de Quebec estavam navegando em direção ao sul ao longo da costa da Flórida, supostamente seguindo os navios russos a caminho de Cuba. No ar, pelo menos uma aeronave P-8A Poseidon da Marinha dos EUA e um CP-140 Aurora canadense pareciam estar realizando atividades de vigilância.

O canal OSINT TheIntelFrog publicou na rede social X (anteriormente Twitter) na noite de segunda-feira que os ativos americanos e canadenses “podem estar acompanhando” a frota russa. Outras contas de OSINT nas redes sociais acompanharam o progresso dos navios e aeronaves de acompanhamento até a manhã de terça-feira, passando de norte a sul ao longo da costa de Miami. Por volta das 6h ET, o CG Stone pôde ser visto no site VesselFinder a cerca de 25 milhas a leste de Miami.

Quando questionado, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que o país prevê “aumento da atividade naval e aérea perto dos Estados Unidos” neste verão. “Essas ações culminarão em um exercício naval global russo neste outono,” acrescentou o porta-voz. “A Rússia enviará temporariamente navios de combate para a região do Caribe, e esses navios provavelmente farão escalas em portos em Cuba e possivelmente na Venezuela.”

A frota russa que visita Cuba é composta pela fragata Gorshkov, o submarino nuclear Kazan, o petroleiro Pashin e o rebocador de resgate Nikolay Chiker, conforme informou o Ministério das Relações Exteriores em Havana. De acordo com a agência de notícias russa RIA Novosti, o comandante-chefe das forças navais da Rússia afirmou que a frota chegará a Cuba na quarta-feira.

A visita é interpretada como parte da resposta de Moscou aos compromissos mais profundos da OTAN com a Ucrânia, especialmente após a aprovação da Casa Branca para que as forças ucranianas utilizem armas americanas dentro das fronteiras russas. No entanto, o Pentágono afirmou que a visita não representa uma ameaça imediata.

“O envio de navios de combate para o Caribe, com possíveis escalas em Cuba e possivelmente na Venezuela, faz parte das operações navais rotineiras da Rússia e não representa uma ameaça direta aos Estados Unidos,” disse o porta-voz do Pentágono, Major Charlie Dietz, na semana passada.

Visitas navais russas a Cuba não são incomuns, ocorrendo anualmente entre 2013 e 2020. Tais operações “impõem um custo significativo à marinha russa, que enfrenta desafios na manutenção da prontidão e na realização de implantações com uma frota envelhecida,” acrescentou Dietz. “Dado o longo histórico de escalas em portos cubanos, estas são consideradas visitas navais de rotina, especialmente no contexto do aumento do apoio dos EUA à Ucrânia e exercícios da OTAN.”

O presidente Vladimir Putin sugeriu que haveria amplas consequências para as nações da OTAN que permitirem que a Ucrânia use armas ocidentais dentro das fronteiras russas. “Se virmos que esses países estão envolvidos em uma guerra contra nós, o que estão fazendo os torna diretamente envolvidos em uma guerra contra a Federação Russa,” disse o líder russo.