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“Clube da Paz”: Brasil e China assinam acordo de paz onde a única paz possível é a submissão da Ucrânia

por Jefferson S Publicado em 03/06/2024
“Clube da Paz”: Brasil e China assinam acordo de paz onde a única paz possível é a submissão da Ucrânia

No dia 23 de maio, em Pequim, o assessor especial do presidente Lula, Celso Amorim, assinou um acordo com o governo chinês, esclarecendo a proposta de um “clube da paz” para resolver a guerra entre Rússia e Ucrânia, uma das marcas da política externa da gestão Lula 3.

A iniciativa, ainda vaga em seus detalhes, foi descrita anteriormente por Lula como uma analogia a uma conversa de bar.

A proposta de paz de Lula parte de sua interpretação do conflito. Diferente da visão da maioria das nações que distingue a Rússia como agressora e a Ucrânia como vítima, Lula equipara ambos os lados, atribuindo responsabilidade igual pela guerra.

Em entrevista nos Emirados Árabes no ano passado, Lula afirmou: “A decisão da guerra foi tomada por dois países. O presidente Putin não toma a iniciativa de parar, o Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra.”

O acordo com a China reflete essa postura. Sem condenar a invasão russa, o documento sugere que ambas as partes observem três princípios: evitar a expansão do campo de batalha, impedir a escalada dos combates e evitar provocações.

Segundo Amorim, a busca é por uma “paz possível”, e ele destacou que há sinais de abertura ao diálogo por parte do governo russo.

Em recente entrevista, Putin declarou estar disposto a retomar negociações, mas insistiu que estas devem ser baseadas na situação atual do terreno, ou seja, nas condições estabelecidas pela ocupação russa.

Esse posicionamento suscita críticas, pois a “paz possível” de Amorim não se alinha aos princípios consagrados pela Constituição brasileira, como a independência nacional e a autodeterminação dos povos.

Observadores apontam que a complacência ocidental após a anexação da Crimeia em 2014 incentivou a nova invasão da Ucrânia em 2022. Há temores de que o Brasil, ao normalizar a ocupação atual, possa encorajar futuras agressões de Putin.

A China, interessada nessa normalização, tem se beneficiado economicamente, comprando commodities russas a preços reduzidos e expandindo sua influência sobre a economia russa. Paralelamente, prepara-se para um possível conflito com Taiwan, desgastando as nações ocidentais.

Críticos argumentam que o Brasil não necessita de tal alinhamento geopolítico para manter e expandir o comércio com China e Rússia. A política externa brasileira, tradicionalmente baseada no soft power e nas vantagens comparativas do país, é vista como mais eficaz em um mundo regido por regras internacionais, e não pela força bruta.

A assinatura do acordo em Pequim levanta questões sobre os rumos da política externa brasileira e seu alinhamento com potências que priorizam o hard power.

Fonte: Estadão

Jefferson S

Jefferson S

Ex-militar das Forças Armadas com experiência em Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva (Sebrae-RJ) e certificado como especialista de investimentos pela ANCORD, tendo atuado nos maiores escritórios da XP investimentos. Analiso e produzo conteúdos para a internet desde 2025, meu primeiro blog foi o "bizu de militar", onde passava dicas para os recrutas no Exército. Atuo na Sociedade Militar trazendo análises e conteúdos relacionados a Geopolítica, Tecnologia militar, Industria de Defesa e Inteligência Artificial.