Entusiasmados, oficiais da Marinha falam em manter treinamentos com os USA: oportunidades de treinamento conjunto com a Marinha dos Estados Unidos

As aeronaves de asa fixa atualmente utilizadas pela Marinha do Brasil são as mesmas que atuaram na Guerra do Golfo, construídas no final dos anos 70. Recentemente, a força naval, comandada pelo Almirante Olsen, submarinista, por meio de postagens em seu site e redes sociais, expressou entusiasmo com a presença do porta-aviões George Washington e os treinamentos realizados com militares dos EUA, destacando também as possíveis oportunidades de cooperação que essa recente interação pode trazer. Militares da Marinha postagem em seus perfis no Twitter e Instagram imagens e vídeos registrados em São Pedro da Aldeia-RJ e no próprio convés de vôo do porta aviões norte – americano.
A Marinha do Brasil, em texto publicado no portal oficial, não esconde seu entusiasmo e transcreve textos de oficiais falando sobre “interceptação e ataque” e em manter “viva a chama da aviação de caça”. Entretanto, essa visão pode parecer utópica, considerando que o país ainda opera com caças construídos no século passado e não possui sequer um porta-aviões capaz de suportar esse tipo de operação militar.
A aterrissagem de uma aeronave F-35 na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia no dia 18 desse mês foi vista por civis entusiastas como uma manobra dos militares dos EUA para destacar seu equipamento e – quem sabe – aumentar as chances de vende-lo para os brasileiros. Porém, isso foi negado por militares da MB, que ressaltam que membros da Marinha do Brasil, incluindo almirantes e oficiais aviadores, já tiveram várias oportunidades de ver essas aeronaves de perto ao longo de suas carreiras e uma aterrisagem em São Pedro da Aldeia não mudaria nada em relação ao que já pensam.
Entres diversos fatores, há questões financeiras envolvidas, e é importante comparar os custos das aeronaves militares. Um F-35 custa cerca de 100 milhões de dólares, enquanto um Gripen custa aproximadamente 85 milhões de dólares. O custo por hora de voo de um F-35 é de cerca de 25 mil dólares, enquanto o do Gripen é, em média, de 5 mil dólares.
Deve-se considerar ainda a avaliação dos próprios americanos sobre a confiabilidade política dos brasileiros. Embora as Forças Armadas sejam instituições de Estado, e não de governo, eventos recentes mostraram que alguns militares de alta patente podem acabar misturando essas esferas. As relações do governo atual com o Irã, a China e a Venezuela certamente são aspectos observados pelo Pentágono em relação às Forças Armadas Brasileiras e influem nas decisões sobre transferência de tecnologia e autorização para comercio de equipamentos.
Texto da marinha do Brasil
Caças da Marinha treinaram manobras de pouso e arremetida no Porta-Aviões USS “George Washington”
No dia 19 de maio, aeronaves de asa fixa, AF-1 “Skyhawk”, da Marinha do Brasil (MB), realizaram operações aéreas em coordenação com o Porta-Aviões USS “George Washington”, da Marinha norte-americana (USN), no litoral entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. O treinamento fez parte das ações realizadas em conjunto com a Força-Tarefa dos Estados Unidos da América (EUA), durante a fase de mar da Operação “Southern Seas – 2024”, visando testar e aprimorar a interoperabilidade da MB com a USN e a Guarda Costeira dos EUA (USCG).
Na ocasião, as aeronaves brasileiras, que pertencem ao Esquadrão VF-1, realizaram aproximações para pouso, seguidas de arremetidas, no USS “George Washington”. O Comandante da Força Aeronaval, Contra-Almirante Emerson Gaio Roberto, acompanhou de perto o exercício, enfatizando a importância da interoperabilidade e da cooperação entre países em operações multilaterais. As aeronaves F-35 “Lighting II” e F/A-18 E/F “Super Hornet”, componentes da ala aérea do Porta-Aviões norte-americano, também realizaram demonstrações aéreas.
A atuação do VF-1 na “Southern Seas – 2024”, que aconteceu no período de 15 a 20 de maio, no exercício Southern Seas 2024, resultou de um processo de planejamento e preparação iniciado em abril deste ano, que culminou com a visita de um time de Oficiais de Sinalização e Pouso da USN à Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, a fim de prover o intercâmbio de práticas operacionais. A fase preparatória incluiu sessões de preparação, em terra, para pouso em navio, supervisionadas pelo Comandante da Força Aeronaval, que transmitiu conhecimentos e orientações aos aviadores, relacionadas a operações de pouso em porta-aviões.
“A capacidade de realizar operações aéreas embarcadas com aeronaves de interceptação e ataque não só mantém viva a chama da aviação de caça na Marinha, mas também abre portas para futuras oportunidades de cooperação e treinamento conjunto com a Marinha dos Estados Unidos”, afirmou o Comandante do VF-1, Capitão de Fragata Manoel Andrade Junior, que considerou o evento um marco significativo na história do Esquadrão.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar // com texto da MB