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Que países cortaram financiamento à agência da ONU, e porquê?

por Rafael Cavacchini Publicado em 29/01/2024
Que países cortaram financiamento à agência da ONU, e porquê?

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, a UNRWA, considerada uma tábua de salvação para dois milhões de pessoas em Gaza, sofreu cortes de financiamento depois de vários dos seus funcionários terem sido acusados ​​por Israel de envolvimento no ataque do Hamas no dia 7 de Outubro.

A ONU disse neste sábado que demitiu 9 dos 12 funcionários devido às acusações. Além disso, a agência prometeu responsabilizar os culpados. No entanto, a ONU também expressou choque com o rápido corte de financiamento por vários países ocidentais em meio ao desastre humanitário em Gaza, que já enfrenta quatro meses de guerra.

Depósito da UNRWA destruído em combates entre o Hamas e Israel. Foto: Divulgação / ONU

“Seria imensamente irresponsável sancionar uma Agência e toda uma comunidade que ela serve por causa de alegações de atos criminosos contra alguns indivíduos, especialmente num momento de guerra, deslocamento e crises políticas na região”, disse Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, em declaração.

O que é a UNRWA e quem a financia?

A sigla significa Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para Refugiados da Palestina no Oriente Próximo. A agência nasceu em 1949 com o objetivo de atender dezenas de milhares de palestinos que perderam suas casas durante conflitos na época.

A agência da ONU opera na Cisjordânia, em Jerusalém e em Gaza, além da Jordânia, Líbano e Síria. Todos são países vizinhos onde refugiados palestinos se abrigaram após a sua expulsão.

A UNRWA provavelmente não pode sobreviver sem contribuições sustentadas de países de todo o mundo e da União Europeia. Essas contribuições representaram 94,9 por cento de todas as contribuições em 2022, de acordo com a agência.

Chris Gunness, antigo porta-voz da UNRWA, disse que a agência da ONU tem apenas algumas semanas antes de ficar sem dinheiro para o seu trabalho crucial de ajuda para salvar vidas palestinas em Gaza.

Quais são as alegações de Israel contra a UNRWA?

De acordo com a agência, autoridades israelenses divulgaram um suposto envolvimento de vários funcionários da UNRWA no ataque de 7 de outubro. Lazzarini, chefe da UNRWA, disse que rescindiu imediatamente os contratos destes funcionários e lançou uma investigação para apurar a verdade.

O Departamento de Estado dos EUA disse estar extremamente preocupado com as alegações, que diziam respeito a pelo menos 12 funcionários da UNRWA. Neste sábado, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, exigiu a Lazzarini que renunciasse ao cargo.

A UNRWA é o maior interveniente humanitário em Gaza. Cerca de 3.000 dos seus 13.000 funcionários em Gaza continuam a apresentar-se para trabalhar, apesar da guerra, de acordo com a agência.

Quais nações cortaram o financiamento para a UNRWA? Quais não?

A onda de suspensões de financiamento começou nesta sexta-feira após os Estados Unidos anunciarem o corte, logo após o anúncio da investigação.

Canadá, Austrália, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Holanda, Suíça e Finlândia juntaram-se a Washington nos últimos dois dias. Neste domingo, a França também cortou o financiamento.

Irlanda e a Noruega, no entanto, expressaram apoio contínuo à UNRWA, dizendo que a agência realiza um trabalho crucial para ajudar os palestinos que necessitam desesperadamente de assistência em Gaza.

“Precisamos distinguir entre o que os indivíduos podem ter feito e o que a UNRWA representa”, afirmou um comunicado do governo da Noruega.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros irlandês, Micheal Martin, escreveu no X: “A Irlanda não tem planos de suspender o financiamento para o trabalho vital da UNRWA em Gaza.”


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Fonte: Al Jazeera

 

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.