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Força Expedicionária Brasileira: Desvendando as Histórias Heroicas de Bravura da FEB

por Rafael Cavacchini Publicado em 15/01/2024
Força Expedicionária Brasileira: Desvendando as Histórias Heroicas de Bravura da FEB

Durante a Segunda Guerra Mundial, em meio à grande gama de bravos soldados e batalhas históricas, a Força Expedicionária Brasileira, a FEB, surge muitas vezes como uma unidade desconhecida. No entanto, diferente do que muita gente pensa, principalmente, na Europa e nos EUA, a FEB gravou seu nome na Segunda Guerra Mundial com louvor ao lutar ao lado dos Aliados na Campanha Italiana de 1944 a 1945.

Soldados da Força Expedicionária Brasileira na Itália durante a II Guerra Mundial

Hoje, embarcamos em uma jornada épica, desvendando os principais fatos e descobrindo as curiosidades que cercam a implacável Força Expedicionária Brasileira.

A Cobra Vai Fumar

Em um momento crucial de 1943, o Brasil assumiu uma postura resoluta, alinhando-se à causa Aliada contra as potências do Eixo. A partir daí, a FEB, uma força formidável de aproximadamente 25.700 soldados brasileiros, foi meticulosamente treinada e equipada para travar a guerra na Europa. O seu principal teatro de operações tornou-se a frente italiana, onde enfrentaram destemidamente as forças alemãs e italianas, deixando uma marca indelével na história.

No auge da Guerra, quando as forças aliadas buscavam desesperadamente frear o avanço das potências do Eixo, o Brasil surpreendeu o mundo ao enviar a sua Força Expedicionária Brasileira para lutar ao lado das tropas aliadas na Europa. Dizia-se que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil efetuar essa missão. Por isso, foi criado o lema “A Cobra Vai Fumar”.

“A Cobra Fumando”, emblema da FEB na Segunda Guerra Mundial.

Então, no coração do espírito da Força Expedicionária Brasileira, ficou esse símbolo, marcando sua tenacidade inabalável. O emblema, uma obra-prima por assim dizer, apresentava uma cobra fumante elegantemente enrolada sobre um fundo amarelo. Apelidado de “Cobra Fumando”, este emblema personificava a determinação inabalável e a resiliência da unidade face à adversidade.

Samba em meio ao tiroteio

Em meio ao caos e aos conflitos da guerra, a presença da FEB na Itália promoveu um intercâmbio cultural inesperado. Os ritmos irresistíveis da música brasileira, incluindo o samba e a bossa nova, cativaram o povo italiano, deixando uma marca indelével em seus corações. Esta fusão única de culturas forjou um vínculo inquebrável entre o Brasil e a Itália, transcendendo as fronteiras do conflito.

O brilhante “Pro Brasileiro, Alemão é Sopa” é puro suco de Brasil.

A Batalha de Monte Castello: um triunfo em meio ao frio intenso

O maior desafio da FEB veio na Batalha de Monte Castello, uma posição estratégica nas montanhas. A tropa brasileira enfrentou condições climáticas adversas, terreno montanhoso e uma resistência feroz das tropas alemãs. Nesse cenário, o famoso lema “A Cobra Vai Fumar” começou a ecoar entre os soldados, simbolizando a determinação brasileira em enfrentar os desafios.

Tropas brasileiras em Torre di Nerone, perto de Monte Castello.

O combate terminou com uma vitória inspiradora. Contra todas as probabilidades, a FEB capturou valentemente Monte Castello, um reduto alemão estrategicamente vital. O triunfo em Monte Castello não só exemplificou a capacidade de combate dos soldados brasileiros, mas também serviu como um farol de esperança, acendendo as chamas da resiliência dentro das suas fileiras.

Nessa batalha, o Brasil sozinho sofreu pelo menos 400 baixas, mais de 1% de todo seu efetivo na Itália.

Reconhecimento e Reverência

O heroísmo e os sacrifícios dos soldados brasileiros não passaram despercebidos. O General Mark W. Clark, ilustre comandante do Quinto Exército dos EUA, elogiou a FEB, afirmando: “O povo brasileiro tinha o direito de estar orgulhoso dos feitos e sacrifícios de sua magnífica Fôrça Expedicionária Brasileira,
comandada comandada pelo chefe capaz e esclarecido general Mascarenhas de Moraes”
. Tal reconhecimento por parte dos seus homólogos Aliados não só reforçou os ânimos da FEB, mas também solidificou o seu lugar entre o panteão dos heróis de guerra.

Quando da ofensiva geral no Vale do Pó, o General Mark W. Clark, comandante do XVº grupo de Exércitos visitou as linhas brasileiras para transmitir ao General Mascarenhas de Moraes os últimos detalhes da projetada ofensiva.

À medida que a poeira da guerra baixou, a Força Expedicionária Brasileira voltou para casa, no Brasil, como heróis célebres. Suas contribuições excepcionais durante a Segunda Guerra Mundial não apenas reforçaram a reputação internacional do Brasil, mas também incutiram um profundo sentimento de orgulho no país. Monumentos, memoriais e museus dedicados ao seu valor permanecem como testemunhos duradouros da sua coragem e sacrifício, garantindo que o legado da FEB continue vivo, inspirando as gerações futuras.


Rafael Cavacchini – Revista Sociedade Militar

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.