Cinco décadas após a Operação Condor, América do Sul realiza encontro histórico de agências de inteligência

Em um movimento sem precedentes, as principais agências de inteligência da América do Sul se reuniram em Brasília no dia 5 de outubro. O encontro histórico, que contou com a participação de nove países, teve como objetivo discutir temas de interesse comum e promover a cooperação em matéria de inteligência estratégica.
O evento foi uma iniciativa inédita, que reuniu nove países, incluindo Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Uruguai. O objetivo? Promover a cooperação em matéria de inteligência estratégica. Isso significa que eles vão compartilhar informações e recursos para lidar com riscos e ameaças à segurança regional.
O encontro foi realizado em consonância com o Consenso de Brasília, um acordo assinado pelos líderes dos países da América do Sul em 2022, ainda sob a gestão do então presidente Jair Bolsonaro. Esse acordo tem como objetivo promover a integração regional e o combate às mudanças climáticas.
As agências participantes concordaram em continuar promovendo esses espaços de cooperação e afirmaram seu compromisso na defesa da ordem democrática e suas instituições. Isso mostra que eles estão levando a sério a ideia de trabalhar juntos para enfrentar os desafios compartilhados.
Histórico da cooperação sul-americana de inteligência
A cooperação entre as agências de inteligência da América do Sul tem suas raízes na Operação Condor, que ocorreu de meados da década de 1970 ao início da década de 1980.
De acordo com o artigo “A Operação Condor: uma Análise da Atuação dos Países do Cone Sul e seus Reflexos para o Brasil na Década de 1970“, publicado pelos graduandos em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esta operação marcou a história da América Latina por ser “a primeira cooperação securitária formal entre as inteligências do Cone Sul”.
No entanto, o primeiro encontro formal de alto nível das agências de inteligência da América do Sul só foi ocorrer recentemente, em 5 de outubro de 2023, em Brasília; ou seja, cinco décadas depois. Este encontro focou na cooperação em inteligência estratégica e na discussão de temas de interesse comum.
A atividade de inteligência se desenvolveu ao longo do século XX em diferentes contextos políticos e ideológicos. Ela se caracteriza pela identificação de fatos e situações que representam obstáculos ou oportunidades aos interesses nacionais, e pela produção e proteção de dados, informações e conhecimentos que auxiliam os decisores governamentais.
Essa cooperação é vista como um marco na história da inteligência sul-americana, demonstrando um compromisso compartilhado para enfrentar os desafios regionais através da troca de informações e recursos.
Fonte: ABIN (Agência Brasileira de Inteligência)