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Portais da China novamente miram Exército Brasileiro: “o mais falso e vazio do mundo”

por Rafael Cavacchini Publicado em 09/08/2023
Portais da China novamente miram Exército Brasileiro: “o mais falso e vazio do mundo”

O portal Sohu.com, que segundo a ferramenta online Similarweb, recebeu quase 300 milhões de visualizações no mês passado, fez duras críticas às Forças Armadas brasileiras. Em uma reportagem publicada no início do ano, o 2º maior portal de notícias da China chamou o Exército Brasileiro e as Forças Armadas de “o mais falso e vazio do mundo”. 

Essa não é foi a única vez que o Sohu fez comentários negativos acerca do Exército brasileiro. Em junho deste ano, um outro artigo do portal já havia causado forte indignação entre os leitores da Revista Sociedade Militar.

Portal chinês Sohu classificou Exército Brasileiro como “o mais falso e vazio do mundo”. Foto: Reprodução / Sohu

A reportagem começa enaltecendo as Forças Armadas chinesas. “Se dissermos qual país tem a maior eficácia de combate militar, é sem dúvida a nossa China.”, diz o parágrafo. “Depois da China, a eficácia de combate dos exércitos dos EUA e da Rússia ocupa o segundo e o terceiro lugar.”, observa a matéria. Em seguida, o jornalista faz uma provocação, no mínimo, curiosa: “Mas qual país tem o pior exército?“. E conclui: “É o Brasil na América do Sul.”

Brasil na Segunda Guerra Mundial: “fracos e mal equipados.”

No parágrafo seguinte, o jornalista discorre sobre a presença da FEB, a Força Expedicionária Brasileira, no teatro de operações da Segunda Guerra Mundial.

“Durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler disse uma vez que se os brasileiros soubessem lutar, as cobras poderiam fumar cigarros. Pode-se constatar [com isso[ que a eficácia de combate do exército brasileiro era extremamente pobre.”, diz a matéria. Na realidade, a FEB, contrariando as expectativas, se saiu muito bem durante o conflito, com frequência, produzindo resultados muito superiores ao de outras forças armadas beligerantes.

O texto continua: “Naquela época, durante a Segunda Guerra Mundial, os soldados brasileiros eram fracos e mal equipados, e foram varridos pelos alemães no campo de batalha. Pode-se dizer que o Brasil não estava lá para ajudar.” Esse parágrafo também vai de encontro com a maior parte das análises de sites e mídias especializadas, que citam que o Brasil teve geralmente um desempenho acima da média durante a Segunda Guerra Mundial.

Pouco investimento em equipamentos

A reportagem continua, citando alguns números. O artigo diz que “existem 280.000 militares ativos no Brasil, dos quais o Exército responde pela maior proporção, com um número de 170.000.” Na realidade, existem 360.000 militares ativos no país, dos quais 235.000 são do Exército Brasileiro.

Comandante do Exército, General Tomás, em visita ao Comando Militar do Oeste. Foto: Divulgação

O Sohu também cita gastos militares, dizendo que 80% do orçamento são “destinados a salários e gastos com aposentadorias e pensões”. Nesse ponto, o texto quase acertou. Atualmente, cerca de 78,2% do orçamento militar brasileiro é gasto apenas com pessoal.

O texto, então, sugere que isso faz com que o país tenha equipamento militar ruim. “A aquisição de armamentos e equipamentos[…] no Brasil é de apenas 1,3% [do orçamento], o que mostra a falta de armamentos.”

“Com sua fraca eficácia de combate e armamento atrasado, o Brasil tornou-se o exército com a pior eficácia de combate do mundo.”sugere o artigo.

“O Brasil não tem ambição de se tornar uma potência militar”

Apesar da análise negativa, os números brasileiros são, de fato, melhores do que todos os nossos vizinhos imediatos. O Sohu acredita que esse seria, inclusive, um dos fatores que explicariam o suposto abandono das Forças Armadas. “O Brasil está localizado na América do Sul, cercado por alguns pequenos países, o que não constitui uma pressão estratégica sobre o Brasil. Além disso, a influência dos Estados Unidos se espalhou para a América do Sul e o Brasil não tem nenhuma preocupação.”, diz a matéria.

“Em segundo lugar, embora o Brasil seja uma potência econômica, não tem nenhuma ambição de se tornar uma potência militar, nem quer competir com os Estados Unidos pela hegemonia regional. Sob esse tipo de pensamento, o Brasil não tem inimigo estratégico nem inimigo imaginário, portanto, naturalmente, não precisa desenvolver vigorosamente suas forças armadas.”, observa o Sohu.

O jornalista ainda escreve que “o brasileiro é inerentemente livre e não quer ser constrangido por nada. O brasileiro defende aproveitar a vida e viver uma vida sem brigas com o mundo.”

No entanto, a reportagem termina com uma nota leve. No rodapé da matéria, o jornalista do Sohu termina com a seguinte frase: “De fato, se todos os países do mundo, como o Brasil, não tiverem a ambição de dominar o mundo nem exportar a ideia de democracia, o mundo inteiro se tornará muito mais harmonioso, e a humanidade não estará longe da paz permanente.” 

Vale lembrar que a China é um dos países que mais investem em tecnologia militar e querem a todo custo ultrapassar os Estados Unidos em investimento e aquisição de equipamentos.


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Fonte: Sohu

 

 

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.