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Sabotagem brilhante: como a Citroën enganou os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial

por Rafael Cavacchini Publicado em 02/08/2023
Sabotagem brilhante: como a Citroën enganou os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial

Pra quem não sabe, a Citroën tem, digamos, tradição em tempos de guerra. Sua atuação, quando falamos da Segunda Guerra Mundial, envolve, bem… basicamente, ferrar com os nazistas de uma maneira genuinamente inteligente e sutil que, embora fosse uma pequena atitude, teve grandes repercussões. Permita-nos explicar.

A Citroën mostrou para os alemães com quantos paus se faz uma canoa. Ou mais ou menos isso.

Quando a França foi ocupada pelos alemães, em 1940, grandes fábricas francesas como a Citroën foram obrigadas a produzir equipamentos para os nazistas. O presidente da Citroën na época, Pierre-Jules Boulanger, sabia que não podia simplesmente se recusar a produzir, mas também sabia que de jeito nenhum iria simplesmente construir caminhões para um bando de nazistas imundos. Nosso heroi Pierre tinha um plano audacioso.

Sabotagem à Francesa

Pierre-Jues Boulanger nada mais fez do que instruir seus trabalhadores a estabelecer um ritmo agradável e tranquilo ao construir caminhões para a Wermacht, o exército alemão.

No entanto, uma instrução aparentemente óbvia, escondia os planos de um sujeito meticuloso. Boulanger bolava um incrível ato de sabotagem para seus nada amigos nazistas. Sua brilhante ideia consistia, assim, em alterar as varetas de óleo dos caminhões para indicar um nível incorreto.

Tudo o que Boulanger fez foi aumentar o tamanho da vareta de óleo, o que faria consequentemente com que os caminhões alemães não tivessem óleo suficiente nos seus veículos. Os mecânicos alemães acreditavam que o óleo estava no volume adequado, mas na verdade, estavam redondamente enganados. Os nazistas não tinham ideia do plano, porque, veja, a vareta indicava que o óleo estava no nível adequado.

Era um plano simples: a vareta do veículo padrão marcava uma certa quantidade de óleo para o motor funcionar. O que Boulanger fez foi aumentar a vareta e mudar o marcador, fazendo que os alemães acreditassem que, para o veículo funcionar de modo apropriado, era necessário menos óleo do que o que era realmente preciso. 

O efeito causado foi que, depois que o caminhão era usado por um tempo, uau, o motor estragava. Nesse caso, o que acontecia era um bando de nazistas zangados, encalhados e, especialmente, vulneráveis em pleno campo de batalha.

Foi um ato de sabotagem tão fantástico porque é extremamente barato e simples de se fazer. Além disso, era sutil, pois não havia como ver que algo de errado estava acontecendo e, principalmente, causava os maiores e inconvenientes e problemas.


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Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.