Revista Sociedade Militar, todos os direitos reservados.

Venda da AVIBRAS para a Alemanha é iminente

por Nivaldo 27/03/2023
Venda da AVIBRAS para a Alemanha é iminente
O lançador de foguetes Astros é o principal produto da Avibras (Ministério da Defesa)           
Segundo veiculado recentemente em alguns setores da mídia, a venda da AVIBRAS (Aviões Brasileiros) para a Alemanha está dando “pano pra manga”.
 
A AVIBRAS é pioneira na área espacial e indústria de mísseis e foguetes, como também veículos de combate, e muitos produtos ligados à área das conquistas espaciais como aviões e lançadores de satélites.
 
Os mísseis da série astro e alguns aviões pioneiros fabricados por ela projetaram o Brasil dentro de um número muito reduzido de países  que desenvolvem esse tipo de tecnologia estratégica.
Foto: Avibras – míssil da série astro
A indústria aeronáutica brasileira, encarnada na AVIBRAS, já fez 60 anos de muito sucesso e orgulho para o Brasil. 
A empresa de armamentos alemã Rheinmetall está na pole position para a aquisição da Avibras. Segundo o RR (RelatórioReservado) apurou, o negócio pode ser fechado a qualquer momento. Será a primeira incursão dos alemães na área de defesa no Brasil.
 
O grupo já atua no país por meio do seu braço para a indústria automobilística, a MS Motorservice.

De acordo com as informações apuradas e publicado em 17/03/2023 pelo RR (Relatório Reservado), outras empresas internacionais da área de defesa chegaram a olhar a AVIBRAS. 

Controlada pelos herdeiros de João Verdi de Carvalho Leite, a companhia vive uma severa crise financeira. Em recuperação judicial — a segunda no intervalo de 15 anos – a empresa tem uma dívida superior a R$ 500 milhões, No ano passado, demitiu mais de 400 funcionários.

Consultada pelo RR, a AVIBRAS confirmou que seus “acionistas estão em busca de parceiros estratégicos que possam capitalizar a empresa.” A companhia informou também que há vários interessados, mas nenhuma transação ocorreu até o momento”.

Estima-se que atualmente mais de 80% da receita da companhia venham das exportações. Ainda assim, historicamente a AVIBRAS é quase um braço das Forças Armadas.

Rheinmetall tem o calibre necessário para conduzir a reestruturação de que a Avibras precisa. Trata-se de um conglomerado com fábricas em 33 países, a maior parte na Europa. Nos últimos meses, o grupo vive um momento de prosperidade: as encomendas de equipamentos bélicos dispararam na esteira da Guerra entre Rússia e Ucrânia. Desde o início do conflito, em fevereiro do ano passado, suas ações subiram mais de 150%

Entre outros armamentos, a Rheinmetall fabrica os tanques Leopard que países europeus aliados do presidente Volodymyr Zelensky têm enviado para a Ucrânia. A própria empresa alemã já anunciou planos de instalar uma fábrica em território ucraniano para produzir até 400 tanques de batalha modelo Panther por ano.

A AVIBRAS também interessa ao Edge Group, empresa dos Emirados Árabes Unidos que negocia a compra da empresa brasileira, de acordo com a revista Veja de 20/03/2023.

De acordo com a publicação, a principal motivação dos árabes na negociação é adquirir o sistema de lançamento múltiplo de foguetes Astros e o Míssil Tático de Cruzeiro, que são alguns dos principais projetos da Avibras desenvolvidos em parceria com as forças armadas brasileiras. A empresa com sede em São José dos Campos (SP) também oferece soluções de software e produz armamentos e viaturas blindadas, como o Guará 4WS.

Foto Avibras: GUARÁ 4WS

Embora não comentada por representantes da Avibras, a divulgação da possível venda da fabricante na imprensa ligou o alerta do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (24), o sindicato diz que vender a Avibras “representa grave ameaça à soberania nacional e ao conhecimento acumulado ao longo de décadas”.

“Para o Brasil, as consequências são desastrosas. Trata-se de perder uma das poucas empresas de elevada tecnologia sediadas no país. O que é pior, em um setor estratégico para a soberania nacional, sobretudo em uma situação de escalada dos conflitos com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Mas não somente isso.

A situação é também desastrosa para os trabalhadores da Avibras”, diz trecho da nota.