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Professor de antropologia da UFSCAR alerta para estratégia militar que teria a colaboração ingênua da mídia; saiba mais

por Jefferson S Publicado em 03/03/2023
Professor de antropologia da UFSCAR alerta para estratégia militar que teria a colaboração ingênua da mídia; saiba mais

Desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro ganhou as eleições já se lançavam suspeitas contra as Forças Armadas, supostamente se debandariam para o lado do presidente eleito, afastando-se do caráter de neutralidade política que convém às instituições de Estado.

As suspeitas logo se tornaram em acusações, que fizeram com que os comandantes aparecessem cada vez mais à luz do dia, a fim de afirmarem sua neutralidade política.

Durante a pandemia, e ante a percepção de muitos de que o governo a conduzia mal, os militares passaram a ser tachados de cúmplices das mortes, uma vez que, segundo a oposição, nada faziam contra as más decisões do então presidente Bolsonaro.

Chega-se, então, ao fim do governo Bolsonaro, tendo os militares a imagem manchada pelas inúmeras acusações de covardia ante momentos importantes de nossa história recente, além de cumplicidade pela apatia em relação a decisões do presidente quando muitos o acusavam de genocida.

O descontentamento com os militares atinge o seu auge nos eventos do 08/01 ocorridos em Brasília, pois se descobriu a participação de muitos militares no que foi considerada uma tentativa de golpe contra o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva.

Politização das Forças Armadas com a cumplicidade da mídia 

É o que pensa Piero C. Leirner, antropólogo, professor da UFSCAR e estudioso do mundo militar há 20 anos, que menciona o atual comandante do Exército como alguém que segue a linha de politização das Forças Armadas. Desta vez “com sinal trocado”, como afirma o professor, em referência à nova orientação das Forças Armadas de tentar se limpar do bolsonarismo, tendo como cúmplice a própria mídia:

Se aqueles que compõem os principais quadros da grande mídia estão cientes ou não das implicações da nova-velha guinada das Forças Armadas, isto tem pouca importância.

Fato é que todos estariam colaborando ingenuamente(?) com as intenções do atual comandante “Tomás Lott” de, para fora, fazer discursos pregando a neutralidade, enquanto, para dentro, garantir a cota de instrumentalização política das Forças Armadas, que é uma forma de não sofrer interferência política de fora para dentro.

Essa estratégia passaria despercebida até mesmo pelo jornalista Reinaldo Azevedo.

Além da pregação contra a politização das Forças Armadas, outra jogada que visaria a mascarar as reais intenções dos militares e confundir ainda mais a vista dos jornalistas, foi feita na quarta-feira (01/03) pelo Comandante do Exército, o general Tomás Paiva. Noticia o portal Uol que:

“O comandante do Exército, general Tomás Paiva, já decidiu que neste ano não haverá a leitura da Ordem do Dia alusiva ao dia 31 de março, aniversário do golpe militar no Brasil.”

A leitura alusiva ao 31 de março sempre foi uma cerimônia muita cara para os militares, em especial aos do Exército.

Sobre mais esta sinalização comenta o professor Piero C. Leirner:

E você, leitor, o que pensa sobre os comentários do professor? Deixe a sua opinião nos comentários.

Escrito por: Sérvulo Pimentel / Edição: Jefferson Silva

Jefferson S

Jefferson S

Ex-militar das Forças Armadas com experiência em Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva (Sebrae-RJ) e certificado como especialista de investimentos pela ANCORD, tendo atuado nos maiores escritórios da XP investimentos. Analiso e produzo conteúdos para a internet desde 2025, meu primeiro blog foi o "bizu de militar", onde passava dicas para os recrutas no Exército. Atuo na Sociedade Militar trazendo análises e conteúdos relacionados a Geopolítica, Tecnologia militar, Industria de Defesa e Inteligência Artificial.