Novo patamar: Exército capacita operadores de elite para drone Nauru 1000C, sistema que aprimora tecnologia, inteligência e aquisição de alvos, diz general Paiva

O Exército Brasileiro oficializou a formação de dois novos cursos voltados para o emprego do drone Nauru 1000C, sistema desenvolvido pela empresa brasileira Xmobots. Os estágios formam operadores dos sensores e técnicos operacionais da aeronave remotamente pilotada, que, nas palavras do comandante do Exército, general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, “está colocando o Exército Brasileiro em outro patamar em termos de tecnologia, inteligência e aquisição de alvos”. A informação pode ser consultada no Boletim do Exército.
Capacitação para nova doutrina
As portarias COTER/C Ex nº 524 e 525, de 6 de março de 2025, publicadas pelo Comando de Operações Terrestres (COTER), regulamentam respectivamente o Estágio Setorial de Operador de Sensores do SARP Nauru 1000C (Op Sns Nauru 1000C) e o Estágio Setorial de Técnico Operacional do Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotada Categoria 2 Nauru 1000C (TO Nauru 1000C).
A formação dos operadores de sensores visa capacitar militares para manusear os equipamentos embarcados na aeronave Nauru 1000C, enquanto o estágio técnico foca na manutenção e operação geral do sistema. Ambos funcionam sob orientação do CIAvEx e do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx).

Formação técnica de ponta
O curso de operador de sensores terá duração máxima de 5 semanas, com carga de 200 horas e até 14 alunos por turma. Já o curso de técnico operacional terá 3 semanas, 120 horas e 10 vagas por edição. A periodicidade é de até dois estágios por ano, em regime presencial.
Segundo a Portaria nº 524, os candidatos ao curso de operador devem já ter concluído um dos treinamentos do CIAvEx voltados ao Nauru 1000C, e servir na mesma sede onde o sistema está alocado. A portaria estabelece que o aluno só será considerado concludente se for aprovado em todas as disciplinas do estágio.
Drone nacional com tecnologia VTOL
Desenvolvido em parceria com a Xmobots, o Nauru 1000C é um Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP) 100% nacional, projetado para missões de inteligência, vigilância, reconhecimento e aquisição de alvos. O drone tem autonomia de 10 horas, alcance de 60 km, e velocidade máxima de 112 km/h, com envergadura de quase 8 metros.
Sua estrutura inclui tecnologia VTOL (decolagem e pouso verticais), o que permite operar em áreas críticas ou de difícil acesso. É um sistema completo, com três aeronaves, base móvel de controle, gimbal exclusiva, além de radares, scanner 3D e terminais de transmissão de dados, segundo informações da Xmobots.
Primeira missão em cenário real
A estreia operacional do Nauru 1000C ocorreu em 2024, durante a Operação Perseu, o maior exercício militar da Força Terrestre no ano. Segundo o portal Defesa Aérea e Naval, a missão foi realizada no Comando Militar do Sudoeste e mobilizou 7.800 militares, em um teatro de operações realista.
“O bravo guerreiro Nauru 1000C mostrou sua grandeza em sua primeira missão em condições o mais próximo possível da realidade do combate”, afirmou o CEO da Xmobots, Giovani Amianti, ao avaliar o desempenho do sistema na operação.
Avanço tecnológico com doutrina nacional
Os dois estágios agora oficializados visam padronizar a formação dos militares para operar e manter o Nauru 1000C dentro da doutrina brasileira. Como destaca a Portaria nº 525, a conclusão dos cursos sujeita os formandos à Norma Operacional de Emprego dos Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP).
“A tecnologia vai nos ajudar muito nas operações na faixa de fronteira, em ambientes urbanos e nas operações convencionais”, disse o General Tomás Paiva, reforçando a aposta da Força Terrestre no Nauru como peça-chave da modernização da guerra terrestre.